FOLHA
A maioria absoluta conquistada pelo Hamas nas eleições palestinas representa a porção emersa de um fenômeno mais amplo. Entre os candidatos do Fatah que não se elegeram contam-se o presidente do Parlamento palestino e o antigo chefe das forças de segurança de Iasser Arafat. Mas, no derrotado Fatah, elegeram-se Marwan Barghouti, o líder que, de uma prisão em Israel, desafia a direção oficial, e vários de seus companheiros de facção. A (FPLP) Frente Popular de Libertação da Palestina, oposição de esquerda ao Fatah, elegeu seu secretário-geral, Ahmed Sadate, preso pelas próprias forças de segurança de Iasser Arafat e até hoje encarcerado sem julgamento.
Engendradas para consolidar o poder do sucessor de Arafat, as eleições produziram o resultado oposto. Os palestinos disseram que Abu Mazen não passa da imagem espectral de um processo de paz há muito enterrado. Eles votaram no Hamas, uma organização integrista, não para realizar o reino de Deus na terra, mas para conduzir a luta nacional à qual renunciaram os nacionalistas. Mas, sobretudo, rejeitaram a ANP (Autoridade Nacional Palestina), um proto-Estado criado como entidade transitória que acabou calcificando-se na condição de instrumento de mediação entre a potência ocupante e a população dos territórios ocupados.
Diante do resultado eleitoral, Israel congelou a transferência de impostos destinados à ANP. Os EUA e a União Européia exigem, sob pena de cortar sua ajuda à ANP, que o Hamas cometa suicídio político, reconhecendo incondicionalmente o Estado de Israel e renunciando às armas. Aparentemente, essas iniciativas evidenciam uma vontade de estrangular o proto-Estado palestino. Contudo a sua finalidade é outra.
No passado, o império britânico utilizou-se do regime do "self-government" para estabilizar a sua soberania sobre os territórios coloniais. Desde o fracasso do processo de paz, a ANP cumpre exatamente essa função nos territórios ocupados, cobrindo os palestinos com os andrajos de uma vida política autônoma e eximindo Israel da carga da repressão policial direta. Mas a entidade palestina aperfeiçoou o modelo britânico, livrando Israel das responsabilidades de potência ocupante inscritas nos tratados internacionais, aí incluídos os custos financeiros de manutenção dos serviços básicos para a população dos territórios ocupados.
Israel precisa da ANP para prosseguir sua estratégia de definição unilateral das fronteiras do Estado judaico. O congelamento israelense dos recursos destinados à entidade palestina e as ameaças americanas e européias têm a finalidade de conferir uma segunda vida a Abu Mazen, promovendo uma coalizão entre o Hamas e a direção derrotada do Fatah. Sintomaticamente, já circulam idéias loucas como o uso de ONGs para mediar a transferência da ajuda européia à ANP.
É possível restaurar a ANP? No Fatah medra a revolta contra os dirigentes corruptos que desgraçaram a organização. Líderes do Hamas elaboram uma proposta de unificação das milícias palestinas rivais num exército nacional e falam até na reconstituição da OLP (Organização de Libertação da Palestina), que hiberna desde a formação da ANP. Na OLP, ao contrário do que ocorre na ANP, o direito de voto estendia-se aos palestinos da diáspora. Há vida na Palestina.
Entrevista:O Estado inteligente
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