Entrevista:O Estado inteligente

quinta-feira, junho 16, 2005

VALDO CRUZ:Romper e sobreviver

 folha de s paulo
BRASÍLIA - Acuado pela crise política do "mensalão", o governo Lula resolveu encomendar a especialistas uma receita para superar a infindável zona de turbulência.
Ouviu o que internamente já foi sugerido, mas até hoje não acatado totalmente pelo presidente: "romper" com o PT e baixar uma saraivada de boas notícias nos próximos dias.
No campo das boas novas, as iniciativas já começaram. Foi divulgada a "MP do Bem", recheada de benefícios para o mundo empresarial. Podem vir também campanhas destacando os programas sociais.
Agora, quando o tema é rompimento com o PT, a temperatura esquenta. Os defensores da tese argumentam que não se trata de Lula abandonar o seu partido, mas de adotar algumas medidas que mostrem independência em relação a ele.
Exemplos: negociar a saída do ministro José Dirceu, forçar o afastamento do tesoureiro Delúbio Soares e demitir alguns petistas, abrindo espaço no ministério para outros aliados, preferencialmente o PMDB.
A avaliação é que, sem essas medidas, o governo vai continuar agonizando, a figura do presidente acabará combalida e Lula terá de torcer para que a economia continue não sendo contaminada.
O presidente estaria, segundo assessores, mais sensível a esse tipo de argumentação. Estaria até disposto a promover algumas mudanças em seu governo no curto prazo.
Seria uma mudança de rumo. Até aqui, resistia a adotar esse caminho ou esbarrava na resistência de algumas figuras de sua equipe, como o ministro José Dirceu. O próprio, agora, teria jogado a toalha.
O fato é que a crise tomou um rumo sem volta. Não é mais possível abortá-la. A CPI dos Correios vai funcionar e irá cortar algumas cabeças. Lula parece ter acordado para essa realidade. Terá, mesmo a contragosto, de oferecer algum sacrifício para preservar seu governo.

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