Entrevista:O Estado inteligente

quinta-feira, junho 02, 2005

VALDO CRUZ:Risco e ousadia

 BRASÍLIA - O crescimento medíocre de 0,3% da economia no primeiro trimestre fez crescer entre os aliados a sensação de que o presidente Lula pode jogar fora sua grande oportunidade de dar uma virada no país.
Lula estaria, na visão desse grupo, acreditando cegamente no discurso dos economistas do seu governo. Qual seja: o país cresce, neste ano, pelo menos 3,5%; no próximo, chegaria perto dos 5% do PIB de novo.
Seria o melhor dos mundos. Crescer forte exatamente no ano eleitoral, o da reeleição do presidente. Lula se tornaria praticamente imbatível.
A turma do BC alega que, se não tivesse adotado o tão criticado caminho atual, de juros elevados, a inflação sairia do controle. Aí, sim, Lula teria sérias dificuldades para ganhar um novo mandato.
Pode dar certo? Sim. Os economistas do BC argumentam que foram criticados em passado recente e os números lhe deram razão. O mesmo se repetiria agora.
Mas pode dar errado. A inflação voltar a subir logo depois de os juros começarem a cair e o real se desvalorizar. Para afastar esse risco, o que alguns aliados pedem a Lula é mais ousadia, uma virada na economia.
Alguma mágica? Não. A receita, bastante amarga, seria radicalizar no arrocho fiscal. Tornar permanente o que ocorreu no mês de abril, quando o governo economizou o suficiente para pagar toda a conta de juros e ainda sobrou dinheiro. Ou seja, zerar o déficit nominal.
Estaria pavimentado o caminho para reduzir os juros, liberando o setor privado para tocar o crescimento do país. Gente do próprio governo acredita ser essa a melhor solução. O problema é que há uma ala petista que prefere o Estado gastador.
A palavra final estaria com o presidente Lula. Aí a coisa complica mais ainda. Nos últimos meses, tudo o que ele tem feito é não decidir nada.
folha de s paulo

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