Entrevista:O Estado inteligente

quinta-feira, junho 09, 2005

VALDO CRUZ :Más companhias

Folha de S Paulo
 BRASÍLIA - Ministro do governo Lula, Olívio Dutra sentenciou: estamos pagando um preço alto pelas más companhias que tivemos de ter em nome da governabilidade.
O amigo de primeira hora de Lula se referia ao fato de, não tendo maioria no Congresso, o governo petista ter buscado alianças com partidos agora no centro dos escândalos, como PTB, PP e PL.
Podia ser diferente? Um pouquinho, no mínimo, podia. E faria uma grande diferença. Bastava ter prevalecido a tese de uma ala petista que, no início do governo, defendia uma boa convivência com tucanos, principalmente, e pefelistas.
Não custa lembrar que, no primeiro ano da administração Lula, boa parte dos projetos vitais do governo foram aprovados no Congresso com votos de tucanos e de pefelistas.
Só que o chefe da Casa Civil, José Dirceu, não concordava com essa aproximação. Dinamitou todas as pontes que os ministros Antonio Palocci e Luiz Gushiken tentaram construir com os tucanos.
Resultado: Lula passou a depender cada vez mais dos votos de partidos altamente fisiológicos, sem perfil programático, como o PMDB e os demais agora engolfados pelo escândalo das mesadas.
Claro que essa boa convivência com PSDB e PFL não poderia durar o mandato inteiro. Na eleição presidencial, estariam -e estarão- em campos opostos. Mas o rompimento foi muito prematuro.
Agora mesmo, o erro do passado se repete. Na crise atual, os tucanos optaram por um tom moderado. Os petistas, porém, insistem em ameaçar o PSDB com uma investigação do escândalo da compra de votos da reeleição de FHC.
Correm o risco de perder a ajudazinha que os tucanos estão dando nesse momento. Por sinal, podem ficar também sem o apoio das ditas más companhias, que, ontem, reagiram às declarações de Olívio Dutra.
Pelo visto, o problema não é só das péssimas companhias, mas também de amigos amadores e suicidas.

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