Entrevista:O Estado inteligente

sexta-feira, junho 17, 2005

PPS recebeu oferta de R$ 4 milhões para apoiar Marta em São Paulo



Expedito Filho - Artigo
O Estado de S. Paulo
17/6/2005

Partido relata que teve oferta para votar com o governo Marta, nos mesmos moldes denunciados por Jefferson em nível federal

O esquema de compra do apoio de partidos políticos denunciado pelo deputado Roberto Jefferson (PTB-RJ) em Brasília funcionou também em São Paulo. No primeiro semestre do ano passado, o secretário-geral do PT, Silvio Pereira, e o então secretário municipal de Comunicação, Valdemir Garreta, ofereceram - segundo uma testemunha das negociações - R$ 4 milhões ao PPS para que os vereadores da legenda votassem conforme o interesse da prefeita Marta Suplicy. O PPS tinha então dois vereadores na Câmara paulistana, Edvaldo Estima e Myriam Athiê.
A proposta foi apresentada durante uma conversa na Galeria dos Pães, uma padaria na esquina das ruas Haddock Lobo e Estados Unidos, nos Jardins. Ali os dois petistas se encontraram com os dois principais dirigentes municipais do PPS: o presidente Carlos Fernandes e o tesoureiro Ruy Vicentini. Se o PPS aceitasse, receberia R$ 2,5 milhões de início e o restante viria depois. "O partido não faz essa prática e nós não estamos à venda", reagiu Fernandes.

Ainda assim, numa manhã de sábado, houve um segundo encontro, desta vez num hotel, entre representantes do PT e do PPS. Desta vez, referências ao tesoureiro nacional do PT, Delúbio Soares, pontuaram a conversa. "O Delúbio já autorizou e eu só quero saber quando mando o dinheiro para vocês", disse Garreta.

Fernandes mais uma vez rejeitou a oferta e perguntou de onde viria o dinheiro. O secretário disse ter feito negócio semelhante com o deputado federal João Herrmann Neto (SP), na época filiado ao PPS e hoje abrigado no PDT. "Faço o mesmo acordo que eu fiz com o João Herrmann", afirmou Garreta.

De acordo com a testemunha, o esquema era idêntico ao denunciado por Jefferson, que contou ter recebido de Delúbio a oferta de R$ 20 milhões para o PTB votar a favor do governo no Congresso.

ESPANTO

A história contada pela testemunha é confirmada por integrantes do PPS, que encararam com espanto a oferta do PT. "A proposta era de apoio a Marta Suplicy. Eram R$ 4 milhões, com uma entrada de R$ 2,5 milhões. Isso foi antes de junho de 2004. Na primeira conversa, estavam Garreta e Sílvio Pereira. Aí Carlos Fernandes já deu a negativa", conta um dirigente do PPS.

Esse dirigente acrescenta detalhes à narrativa da testemunha. Segundo ele, da conversa realizada no hotel participou, além de Garreta, um assessor do então secretário de governo Ruy Falcão, que foi candidato a vice na chapa derrotada de reeleição de Marta.

"Eles insistiram novamente, com uma conversa para nossos vereadores lhes darem apoio. Garreta disse que Delúbio já tinha autorizado os R$ 4 milhões. E receberam a negativa definitiva", conta o dirigente. As tentativas de compra do apoio do PPS irritaram os principais integrantes do partido em São Paulo. Um dos que participaram das conversas contou o episódio à deputada federal Denise Frossard (PPS-RJ), que participará da CPI dos Correios.

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