o globo
A CPI dos Correios não poderia ter acontecido em momento mais propício para os partidos de oposição, nem em pior hora para o governo, a apenas um ano e meio das eleições presidenciais. A oposição está assumindo atitudes distintas diante da sucessão de Lula, que se refletem também na maneira com que está conduzindo as negociações políticas na CPI.
O PFL, que já lançou um candidato próprio, o prefeito do Rio, Cesar Maia, mantém-se mais agressivo na crise política, enquanto o PSDB escolheu uma posição mais prudente, tanto no trato da crise como na definição de seu candidato à sucessão de Lula.
Luciana Veiga, pesquisadora do Doxa, laboratório de pesquisas em comunicação política e opinião pública do Iuperj, diz que enquanto os partidos vão se preparando para a disputa, a CPI dos Correios ganha dimensão fundamental nessa largada. Neste momento, diz ela, as principais legendas "se empenham na construção de uma imagem que possa aumentar o seu campo de aceitação junto aos eleitores e reduzir o campo da recusa".
No campo da aceitação, as campanhas partidárias são captadas pelo eleitor como "objetivas e aceitáveis", enquanto no campo da recusa a propaganda é percebida como "inaceitável" e, ressalta Luciana Veiga, "poderá ocorrer ainda o efeito de contraste, que faz com que o eleitor veja a diferença entre a sua opinião e a postura do partido maior do que de fato é".
Um estudo sobre os partidos políticos realizado por Luciana Veiga mostra que, além de aproveitarem a agenda negativa em relação ao PT, os partidos têm buscado criar uma imagem positiva para si próprios. "O PFL, por exemplo, tenta se apresentar como o partido capaz de realizar o que o PSDB e o PT não conseguiram: incentivar o crescimento, a geração de empregos e o aumento da renda do trabalhador através de redução de impostos. Desta forma, retoma a estratégia de se apresentar como um partido de idéias, mais moderno, buscando se livrar dos estigmas que o acompanham".
O PSDB, por sua vez, "parece estar ainda ajustando a sua agenda positiva, dá sinais de que investirá no discurso da competência administrativa, a austeridade e responsabilidade fiscal". Os partidos, segundo esse estudo, que fez para o livro comemorativo dos dez anos do Doxa, estão empenhados no momento em "estabelecer e diferenciar as candidaturas, que ainda estão por ser definidas". O objetivo dos partidos agora seria mobilizar o eleitorado: 1) aumentando a simpatia entre os eleitores partidários; 2) despertando a atenção e provocando um sentimento positivo naqueles eleitores indiferentes e flutuantes; 3) diminuindo a rejeição entre os eleitores adversários.
Luciana Veiga lembra que "embora o senso comum aposte que os partidos não importam para o eleitor na hora da decisão do voto", resultados da pesquisa Estudos Eleitorais Brasileiros — Eseb — um projeto coordenado pelo Cesop/Unicamp e FGV-Opinião/CPDoc — mostram que na eleição presidencial de 2002, 68% dos eleitores brasileiros tinham uma atitude positiva em relação a algum partido, e que tal simpatia influenciou a decisão do voto para presidente.
Para além de uma rejeição inicial, o estudo mostra que "as pessoas conhecem os partidos e têm uma imagem a respeito dos mesmos, que resulta em um sentimento que é um atalho para a decisão eleitoral", na definição de Luciana Veiga. "A princípio, o eleitor já descarta a possibilidade de voto nos candidatos das legendas que rejeita", lembra, e "elabora imagens e atitudes em relação aos partidos a partir do que vem sendo apresentado na mídia".
De acordo com a pesquisa Eseb, um aspecto se destacou entre todos como o mais importante para que o eleitor prefira um partido a outro: a percepção de ser um partido de gente honesta. Para se ter uma idéia de como as últimas acusações de corrupção corroem a imagem do PT, basta ver que em 2002, por ser percebido como "um grupo de pessoas honestas", o PT era o partido que despertava mais simpatia entre os eleitores, sendo que 35% de todo o eleitorado dizia que gostava ou gostava pelo menos um pouco do PT. PMDB (10,5%), PSDB (7,3%) e PFL (4,4%) contavam com a simpatia de um número bem mais restrito de eleitores.
Luciana Veiga diz que para 2006, "a expectativa é que se reduza o intervalo entre o número de simpatizantes do PT e dos demais partidos". Segundo ela, neste momento do processo eleitoral os partidos da oposição "buscam mostrar que o PT não é o partido imaculado que se apresentava e que os eleitores esperavam. Se conseguirem evidenciar este ponto, invalidam a justificativa para a preferência partidária de 51% de seus simpatizantes em 2002".
Com base nos resultados da última pesquisa do Datafolha, Luciana Veiga diz que o PT "vem perdendo o seu diferencial de honestidade em relação aos demais partidos", o que estaria demonstrado no fato de que de março de 2004 até hoje, a percepção de que "muitos políticos do PT estão envolvidos em corrupção, ainda que a maioria não esteja" cresceu de 29% para 35%, fazendo com que hoje os números relativos ao PT cheguem a ser parecidos com os obtidos pelo PSDB.
A pesquisadora lembra que "quando a percepção que o eleitor tem da realidade entra em conflito com a imagem dos partidos, a acomodação ocasiona mudanças". Para ela, "as constantes inconsistências do PT estão minando a sua imagem".
Entrevista:O Estado inteligente
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