Entrevista:O Estado inteligente

sábado, junho 11, 2005

ELIO GASPARI

O GLOBO

O pai dos ricos

Nos últimos dois anos, Lula conseguiu um crescimento de 30% na produção de milionários. Não há notícia de outra coisa que tenha crescido tanto nesse mesmo período.

No último ano do mandarinato tucano, o Brasil tinha 75 mil pessoas com um patrimônio financeiro superior a US$ 1 milhão. Em 2004, eles chegaram a 98 mil. O companheiro produziu 23 mil afortunados.

(Em janeiro passado o rendimento médio real do trabalhador paulista caiu para R$ 1.006, o nível mais baixo registrado nesse mês desde 1985.)


SERVIÇO: Os números de 2004 são de um estudo da Merrill Lynch/Cap Gemini. Ele está (em inglês) no endereço http://www.us.capgemini.com.

Tamanho da folha

Um sábio que já era deputado quando Lula gramava no torno da Villares fez a conta:

Passaram pelo mensalão cerca de cem parlamentares. Nem todos fizeram por onde receber os envelopes com regularidade.

Esquerda à vista

Deu-se uma aliança entre a militância estudantil do PSTU (Partido Socialista dos Trabalhadores Unificado) e do PCdoB. É bom a nação petista prestar atenção.

Se algum dia os comissários precisarem da base popular do partido, descobrirão que ela foi embora.

Um Jefferson do bem na CPI

As coisas boas também acontecem. Uma delas é a presença do senador Jefferson Perez (PDT-AM) na CPI dos Correios. Será mais uma oportunidade para que as pessoas saibam que o Congresso não é um covil de larápios. São muitos os doutores que faturam mesadas, negócios e picaretagens. Se esse pessoal não tomar cuidado, qualquer dia desses haverá quem se disponha a bater na cara da malandragem, como aconteceu no Equador. Para a patuléia que paga a conta (e o mensalão), será um prazer acompanhar Jefferson Perez nessa CPI. Ele tem a crueldade da decência.

Seu nome completo é José Jefferson Carpinteiro Perez e já completou 73 anos. Ao contrário de Lula, que é pensionista da ditadura, nunca se aposentou como professor da Universidade Federal do Amazonas. Não faz indicações nem aceita mimos. Em 1996, assinou o requerimento da CPI dos Bancos e viu-se obrigado a sair do PSDB. Em 2001, quando a presidência do Senado foi disputada na ponta de faca pelos senadores Antonio Carlos Magalhães e Jáder Barbalho, Perez apresentou-se como terceira via. Faltou coragem ao PFL para apoiá-lo. Se isso tivesse acontecido, o Senado teria sido poupado de um dos piores períodos de sua história.

O que haverá de tornar o senador Perez uma referência nos trabalhos da CPI será a sua lógica rápida, impiedosa, associada a um senso de humor corrosivo. Tudo isso e mais uma enorme capacidade de fazer o dever de casa.

O comissariado petista pode aspergir fantoches sobre a CPI. Não impedirá que a figura miúda do senador (perigosamente parecido com o Doutor Silvana do Capitão Marvel) arruíne a receita da pizza com uma frase, uma simples pergunta.

Cesar Benjamin cantou a pedra

Adiante, um trecho de uma entrevista do professor Cesar Benjamin, um dos fundadores do PT, dada em dezembro de 2003 à repórter Flávia Marreiro:

"Vamos ler os sinais, como fazem os profetas. Delúbio Soares foi escolhido pela corrente majoritária do PT para defender no diretório nacional a expulsão da senadora Heloísa Helena. Na sua condição de eterno tesoureiro, Delúbio tem uma trajetória opaca. Exige-se dele apenas que seja capaz de levantar financiamentos, movimente-se de forma discreta e demonstre absoluta fidelidade aos chefes. Heloísa Helena é o contrário disso: extrovertida, sincera, independente, movida por ideais. É a cara da militância. Um sempre viveu na sombra, a outra sempre viveu na luz. Delúbio apontou seu dedo acusatório contra Heloísa em uma reunião que custou R$ 150 mil, realizada em um hotel de luxo, cujo proprietário foi o principal sócio e avalista de Fernando Collor. Do ponto de vista simbólico, o que mais precisa ser dito?"

Pelo visto, precisava ser dito o que a rede Roberto Jefferson de áudio e vídeo pôs no ar.



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