Entrevista:O Estado inteligente

sexta-feira, junho 03, 2005

"MANDA FAZER"

 Em mais um de seus famigerados improvisos, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, na abertura do Salão do Turismo, que tem lugar na cidade de São Paulo, revelou um entendimento um tanto questionável de como devem ser as relações do governo federal com os veículos de comunicação, em especial as redes nacionais de televisão.
Demonstrando seu entusiasmo com o potencial turístico do país -de fato ainda muito pouco explorado-, o primeiro mandatário imaginou que seria útil para o desenvolvimento do setor se a TV dedicasse mais tempo às belas paisagens existentes em território nacional.
Empolgado com a estratégia, Lula sugeriu ao ministro do Turismo, Walfrido Mares Guia, presente na solenidade, "mandar fazer um "Globo Repórter" sobre os lugares bonitos do Brasil" para ser exibido no exterior. O presidente não se limitou à idéia de pautar aquele programa da Rede Globo. Também instou o ministro a buscar espaço no "Domingão do Faustão", da mesma Globo, e no "Hebe", do SBT.
"Você tem de ligar para uma Hebe Camargo e falar: "Hebe, eu quero que você me dê aí meia hora, que eu quero falar para o seu público sobre turismo"", afirmou Lula. E, disse a seguir ao ministro: "Você pode falar com o Faustão: "Faustão, me dá aí uns cinco minutos para falar de turismo no Brasil, mostrar as coisas bonitas que temos"".
O fato de que as redes de TV sejam fruto de concessões públicas não autoriza o presidente a tratá-las como extensão do governo, que poderia, sem maiores embaraços, "mandar fazer" um programa ou pedir "meia hora" para divulgar o que considera ser de interesse do país.
Ainda que se possa entender o tom coloquial adotado no discurso como característico de um improviso, a visão subjacente às instruções dadas por Lula ao ministro do Turismo tem algo de reveladora e inquietante.

editoriais da folha de s paulo

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