A ANP instala sindicância para investigar superintendente indicado por José Dirceu
Chrystiane Silva
Nilton Fukuda/AE |
MARCELO SERENO O ministro da Casa Civil deu a ordem, mas foi ele quem deixou a digital |
Na semana passada, a Agência Nacional do Petróleo (ANP) criou uma comissão de sindicância para investigar as importações de solventes feitas a partir de 2003. A tarefa da comissão é descobrir por que as compras desse produto cresceram 78% nos quase dois anos em que o engenheiro Eugênio Roberto Maia ocupou a superintendência de abastecimento da ANP. Os solventes são usados na fabricação de muitos produtos, como tintas e fertilizantes. Há quinze dias, VEJA revelou que a agência teme que parte da importação tenha sido utilizada, porém, na adulteração de gasolina. Na gestão de Maia, indicado para o cargo pelo PTB, o Brasil importava 100 carretas diárias de solvente. Era tanto que a ANP decidiu transferi-lo para outra superintendência, a de refino. No primeiro dia no cargo, o sucessor de Maia reduziu as importações para apenas vinte carretas. Era de esperar que os empresários fizessem fila para reclamar, mas ninguém se queixou. Duas semanas depois, a ANP cortou as importações para quatro carretas. O silêncio continuou. Por que os empresários lesados não procuram a ANP para pedir suas autorizações de volta? Cabe à comissão explicar.
O engenheiro Maia tem um currículo brilhante, ajudou a fundar a ANP, mas só chegou ao primeiro escalão porque é muito, muito bem relacionado. Primeiro, pediu ajuda ao PMDB. O senador Ney Suassuna, que integra a CPI dos Correios, deu-lhe uma mãozinha, mas não conseguiu emplacá-lo. Maia recorreu ao PL. Também não deu certo. Socorreu-se, então, ao deputado Luiz Piauhylino, que à época estava no PTB de Roberto Jefferson. O cargo saiu. Quem intermediou sua nomeação foi o então chefe-de-gabinete da Casa Civil, Marcelo Sereno. Braço-direito do ministro José Dirceu, Sereno disse ao então diretor-geral da ANP, Sebastião do Rego Barros, que ele teria de aceitar indicações dos partidos aliados do governo. Orientado pelo ministro, pôs currículos sobre a mesa de Rego Barros. Maia chegou, enfim, ao primeiro escalão. "Era o único com experiência", explica Rego Barros. Quando estourou o escândalo da propina de Waldomiro Diniz, outro assessor de José Dirceu, Sereno acabou saindo do governo. Mas não ficou desamparado. Tal como Maia, só mudou de setor. Com a ajuda de Dirceu, Sereno tornou-se secretário de Comunicação do PT.
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