Os dados mais explosivos dos últimos dias estão na contabilização dos juros da dívida pública. No último mês, pagaram-se US$ 13 bilhões em juros; o superávit primário ficou em US$ 16,3 bilhões. Não se trata de "economia de gastos", como algumas notícias diziam, mas de postergação de despesas, na forma de piora das estradas, da saúde, da educação, da infra-estrutura de maneira geral, e na queda geral da competitividade.
À luz desses dados, vamos comparar o raciocínio de um economista brasileiro internacional com outro internacionalizado. Em entrevista ao "O Globo" de segunda-feira, o economista José Alexandre Scheinkman -o internacional- dizia não conseguir saber a razão de o BC não avaliar os impactos dos juros sobre a dívida pública.
Se vai afetar de forma definitiva o futuro, se a queda da relação dívida/PIB é fundamental, por que esses dados não são levados em conta na definição da taxa Selic?
Sobre a inflação, diz ele que a "moderna teoria" das metas inflacionárias considera errado incluir no núcleo da inflação (o que serve de base para fixar as metas) preços sobre os quais os juros não exercem nenhum impacto -tarifas públicas e preços administrados em geral.
Essa crítica vem sendo feita há muito por analistas internos, valendo-se apenas do bom senso. E sempre foi rebatida com o argumento de que a "moderna teoria" não recomendava excluir preços administrados. Com a validação internacional de Scheinkman, é possível que o bom senso possa finalmente se impor.
Na análise dos gastos sociais, Scheinkman é taxativo. O Brasil gasta mal, mas está melhorando, o Bolsa Família é um avanço, embora possa ser melhorado, e é malicioso o estratagema de levantar exemplos pontuais de desperdício para justificar corte dos gastos sociais. E enalteceu o trabalho do Ministério da Fazenda de aprimoramento de políticas microeconômicas.
Em suma, vai direto aos pontos que interferem diretamente na construção do país e da competitividade: educação, políticas sociais, políticas microeconômicas e crítica aos excessos da política macroeconômica, sem incorrer em populismo fiscal.
Compare-se, agora, com as afirmações de Armando Castellar Pinheiro, economista do Ipea (Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada), em artigo no "Valor" de sexta-feira passada.
Castellar constata que os gastos sociais são mal empregados no Brasil. A economia vai mal porque o flanelinha, a empresa na informalidade, os assaltos, a ocupação de propriedades aumentam os gastos das famílias. E a carga fiscal é elevada. Aponta desperdícios pontuais nos programas sociais e conclui que a única maneira de crescer será cortar gastos com aposentadoria e programas sociais, especialmente os voltados para os idosos. Passa ao largo das despesas com juros, da perda de tributação com os fundos "offshore", dos golpes corporativos.
Ambos são ortodoxos. Mas há uma diferença de fundo entre o liberalismo bebido na fonte e esse liberalismo à brasileira.
Coisa nossa
A modelo Noemi Campbell se ofereceu para divulgar a marca "Brasil" no exterior. De graça. Recentemente, um jogador brasileiro no exterior, do mesmo nível de Ronaldo, procurou a Embratur e se ofereceu para o mesmo trabalho. Por US$ 300 mil.
folha de s paulo
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