Entrevista:O Estado inteligente

quinta-feira, junho 16, 2005

Lucia Hippolito: Primeiro capítulo de uma longa novela


BLOG Ricardo Noblat
 
"Depois de um grande incêndio, é preciso fazer o rescaldo, ver o que sobrou do fogaréu, reunir os sobreviventes e tentar tocar a vida. É assim mesmo.
Ontem o mundo político viveu uma espécie de ressaca, depois da avalanche de denúncias e acusações que rechearam as sete horas do depoimento do deputado Roberto Jefferson no Conselho de Ética da Câmara dos Deputados.
Foram tantas as linhas de investigação sugeridas pela fala do deputado, tantos foram os nomes citados nas acusações, que para processar todas as informações vai levar algum tempo.
Não há dúvida de que ontem aconteceu só o primeiro capítulo de uma longa novela, que deve se arrastar por todo o segundo semestre, pode cancelar o recesso de julho e já paralisou o Congresso.
Também no Poder Executivo o depoimento causou forte impacto. Ontem de manhã, o sindicato dos trabalhadores nos Correios, filiado à CUT, patrocinou uma manifestação de funcionários em frente ao edifício-sede dos Correios, no Rio de Janeiro, quando foi estendida uma faixa dizendo: "Eu confio em Roberto Jefferson".
Não será nenhuma surpresa se, das estatais sob suspeita, principalmente Correios, IRB e Eletronorte, começar a jorrar uma cachoeira de documentos, contratos esquisitos, informações de compras superfaturadas e outras irregularidades que costumam aparecer nesses casos.
Porque, afinal, o que está em discussão é uma relação promíscua entre Executivo e Legislativo. A serem verdadeiras as acusações feitas pelo deputado Roberto Jefferson, uma verdadeira camarilha de bolcheviques tomou de assalto o Estado brasileiro, loteou a administração pública entre os aliados e perverteu as votações no Legislativo, através da compra de deputados pela prática do mensalão.
E a serem verdadeiras as acusações feitas pelo deputado Roberto Jefferson, o presidente da República é mantido afastado da realidade de seu governo, isolado como um imperador chinês dentro dos muros da Cidade Proibida, entregue a seus devaneios, enquanto a camarilha controla o país.
Por isso, é importante o trabalho da CPI que se instalou ontem. Um assunto delicado como esse exige investigação séria e profunda. Claro que a CPI é um palanque político. Todas são, é inevitável. Ainda mais com a opinião pública de olho e transmissão diária por rádio e TV.
Vai depender do presidente e do relator, ambos do governo, não deixar que a CPI saia dos trilhos. A desmoralização da CPI arrasta com ela o Congresso Nacional e o governo federal."

Nenhum comentário:

Arquivo do blog