Entrevista:O Estado inteligente

sábado, junho 04, 2005

FERNANDO RODRIGUES:Por que uma CPI

 BRASÍLIA - Diferentemente do que apregoa Lula e sua tropa de choque, as instituições no Brasil são precárias, ineficazes e as principais responsáveis pela sensação de impunidade reinante no país. Essa é a maior razão para existir o frenesi a favor de CPIs quando eclode um caso cabeludo de corrupção federal.
É inútil tentar domar a opinião pública abafando a CPI dos Correios só com o argumento de que a PF anda prendendo corruptos em penca. No máximo, essa desculpa servirá de muleta para acalmar a massa fisiológica dentro do Congresso. O que conta, na realidade, são os milhões de reais prometidos por Palocci.
Além da impunidade, também está colada ao Brasil a pecha de país do "nada ficou provado". Um perito constatou ser de Romero Jucá a caligrafia em cheques usados para desviar recursos de uma fundação beneficente. O caso se arrasta há mais de dez anos. Nada ficou provado, repete a toda hora o ministro da Previdência. É verdade. Na Justiça, nada.
Numa CPI, essa história seria diferente. Para o bem e para o mal. Exposto à mídia, o político perde seu bem mais precioso: a capacidade de permanecer na vida pública.
Collor nunca foi condenado na Justiça em definitivo. Nada ficou provado. Mas o ex-presidente virou um farrapo eleitoral. Essa foi a sua punição, possível apenas por causa da CPI no início da década passada.
Agora, da mesma forma, os políticos envolvidos na corrupção nos Correios, no IRB e em outras estatais obscuras só acabarão punidos eleitoralmente se uma CPI for instalada.
É péssimo para a democracia que seja assim. Beiram o fascismo certos procedimentos em investigações no Congresso. Melhor seria a Justiça dar respostas mais ágeis e efetivas. Ocorre que Lula e o PT aplaudiam essa deformação institucional no passado. No governo, pouco fizeram para lancetar o defeito. Deram azar. Hoje são punidos pela omissão cometida.
folha de s paulo

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