Entrevista:O Estado inteligente

sexta-feira, junho 10, 2005

DOENÇAS ESQUECIDAS

folha de s paulo editorial
A organização não-governamental Médicos Sem Fronteira alerta para um problema importante ao lançar um apelo internacional para que se encontrem novos tratamentos para as chamadas doenças negligenciadas. Com efeito, realidades de mercado acabaram por criar duas categorias de moléstia: aquelas cuja pesquisa é economicamente rentável e as que não o são, pois a maior parte dos eventuais beneficiados não tem como comprar remédios.
Como é óbvio, essa distinção tende a aprofundar o fosso que separa países ricos de pobres. Enquanto nos primeiros a medicina evolui e surgem sempre novas e mais seletivas drogas para controlar as doenças típicas, nos segundos complicações que atingem grandes contingentes populacionais permanecem com tratamentos antiquados. A razão é que nenhuma companhia do setor se interessou em avançar nesse campo.
Exemplos típicos das moléstias esquecidas são a doença do sono, a leishmaniose, o mal de Chagas e a tuberculose. Seria um exagero afirmar que essas patologias não são estudadas. Elas o são, e não apenas pelos países mais atingidos. No caso da malária, o maior financiador de esforços por uma vacina é o Exército dos EUA. A mortífera associação da Aids com a tuberculose fez com que ressurgisse o interesse de nações do Primeiro Mundo pela segunda.
Essas iniciativas, porém, são insuficientes e não chegam a atingir nem a superfície do conjunto das doenças negligenciadas. De acordo com Médicos Sem Fronteira, gastam-se anualmente US$ 100 bilhões em pesquisas médicas no planeta. Estima-se que, para dar um alento importante à investigação das moléstias esquecidas, seriam necessários US$ 3 bilhões anuais. Não parece, portanto, algo irrealizável.

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