Entrevista:O Estado inteligente

domingo, junho 05, 2005

CLÓVIS ROSSI:Derrota na vitória

  SÃO PAULO - Se as urnas de 2006 confirmarem os resultados da pesquisa do Datafolha que este jornal publica hoje, será um tremendo revés para o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, mesmo que se reeleja no segundo turno.
Afinal, dois turnos acabam transformando a eleição em um plebiscito sobre o governante do momento, na metade de um mandato que, na verdade, é de oito anos.
Portanto, se Lula, como mostram as pesquisas, não conseguir se reeleger no primeiro turno, o que as urnas estarão dizendo é que a maioria dos brasileiros não o aprova.
Um fracasso em qualquer caso, mas muito maior ainda no caso de quem se proclamou o portador de todas as esperanças.
Reeleger-se apenas no segundo turno provavelmente apagará as marcas desse fracasso inicial, principalmente em um país que "futeboliza" tudo e, portanto, acha que o que vale são os três pontos, ganhe no primeiro turno ou só no segundo.
Essa lógica é legalmente verdadeira, sem a mais leve de sombra de dúvida, mas, politicamente, não é bem assim. Vitória no segundo turno quer dizer que a maioria do eleitorado não gostou do primeiro mandato.
Acontece que gosta menos ainda dos opositores, o que fala mal destes, mas não fala bem do governante.
Exatamente como em 2002: os que queriam um governo Lula eram 46%, perto da maioria absoluta, mas sem alcançá-la. Já os que não queriam outro governante, qualquer que fosse, eram muitíssimos mais.
Não queriam outro governante porque todos os esquemas, menos o do PT, já haviam sido testados e terminaram rejeitados no único teste que conta, o da urna. Se Lula só conseguir a reeleição no segundo turno, será menos por gosto e mais na base de "não tem tu, vai tu mesmo".
folha de s paulo

Nenhum comentário:

Arquivo do blog