Sempre se poderá dizer que o problema é de quem acreditou, mas que o presidente da República, Luiz Inácio da Silva, garantiu e seus auxiliares mais abalizados reforçaram que o aumento da estrutura administrativa não significaria elevação de gastos públicos, isto está registrado para a História e configura-se um fato.
Ocorreu ali por volta da véspera do Natal de 2002, em meio à montagem do novo Ministério. O País ainda estava meio desorientado com aquela história de um presidente ter 35 ministros, 19 deles do PT, a maioria derrotada na eleição de dois meses antes, e ainda anunciar um Governo de coalizão alegando observância ao resultados das urnas.
Mas, vamos lá, era tudo festa e, diante de tanta esperança, não custava alimentar mais uma: a de que fosse possível multiplicar o organograma e subtrair as despesas. Afinal, era José Dirceu em pessoa quem asseverava como factível a consecução da façanha.
Mais que isso. O ministro do Planejamento, Guido Mantega, fazia-se porta-voz de Lula para informar que havia recebido dele a determinação de não criar novos cargos na administração pública com vistas a atender a promessa que dali a alguns dias estaria no discurso de posse: a contenção dos gastos públicos.
“Os novos ministérios serão montados a partir do remanejamento dos já existentes”, disse Mantega, reproduzindo a ordem do eleito.
Dois anos depois, saem do mesmo Ministério do Planejamento dados confirmando a quebra daquele compromisso: o Governo contratou mais de 42 mil funcionários, sendo cerca de 1.500 em regime de comissão exclusivamente voltados para a nova estrutura.
As despesas com pagamento de pessoal sofreram majoração de 30% e os gastos do gabinete presidencial – ao qual liga-se uma extensíssima lista de funções agregadas – cresceram 186% e as despesas do Palácio do Planalto com custeio e pessoal deu um salto de 137,8%.
Diante dos números, o Governo não teve outra saída a não ser admitir que gastou mais. Mas não se sentiu nem de leve obrigado a explicar o que ocorreu com aquele compromisso anterior a respeito de remanejamentos “dos cargos já existentes” e a promessa de não se gastar além do que já estava sendo gasto.
O Governo não se sente também sequer tenuamente constrangido em atribuir as despesas à necessidade de “modernizar” e atender às demandas do País – no dizer do ministro Dirceu – e “reconstruir” o Estado nas palavras do líder do Governo na Câmara, um deputado chamado Professor Luizinho.
Abstraindo-se a ausência da informação anterior sobre a mudança de planos em relação aos gastos públicos logo que se constatou a “destruição” do Estado, mesmo assim fica a pergunta sem resposta no ar: modernizou-se mesmo o quê, atenderam-se quais demandas nesses dois anos, 35 ministérios e 42 mil novos cargos depois?
Tolerância
O senador José Sarney tem defeitos como todo mundo e qualidades, em alguns aspectos, até mais acentuadas que o habitual.
Uma delas, a tolerância, deve tê-lo ontem ajudado a ouvir o presidente do Senado, Renan Calheiros, fazendo-lhe uma louvação como “principal e inesquecível” protagonista do primeiro governo civil pós-ditadura.
Na época, enquanto Sarney cuidava de finalizar com reverência democrática a transição, Calheiros tratava de engendrar a eleição de Fernando Collor integrando-se ao coro da campanha contra o “batedor de carteira da História”.
Ele mesmo, José Sarney, o primeiro presidente civil pós-ditadura.
Contraste
O senador Aloizio Mercadante é tido nas internas do PT e do ambiente político de um modo geral, como pedante, presunçoso e egocêntrico. O conceito é antigo e disseminado.
Pois bem. A ex-prefeita Marta Suplicy está conseguindo alterar a natureza das emoções que o senador inspira. Mercadante já é, no partido e no Planalto, o mais querido dos pré-candidatos petistas ao Palácio dos Bandeirantes.
A reestréia pós-eleitoral de Marta apresentando-se candidatíssima ao governo de São Paulo como se fizesse um favor ao PT, contribuiu bastante para a postulação de Mercadante.
Fenômeno parecido ocorreu na campanha municipal de 2004. Essa síndrome da simpatia adquirida, também favoreceu o oponente da então prefeita. José Serra virou praticamente uma Hebe Camargo.
Palanque
Quando se vê a ala oposicionista do PMDB fazendo de Anthony Garotinho mensageiro de convite ao ex-presidente do BNDES Carlos Lessa para coordenar o novo programa do partido, não é possível decifrar o plano dada a diversidade ideológica do grupo.
Mas dá para perceber claramente que o foco da junção não são tanto as idéias, mas o barulho que tais personagens serão capazes de produzir.
Data querida
O ministro José Dirceu faz aniversário hoje. E também completa um ano desde que prometeu para dali a “15 dias, um mês” pôr “os pingos nos is” do caso Waldomiro Diniz.
Até agora pôs, no máximo, panos quentes.
Entrevista:O Estado inteligente
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