Entrevista:O Estado inteligente

quarta-feira, março 16, 2005

FOLHA DE S.PAULO FERNANDO RODRIGUES:Equações para 2006

BRASÍLIA - A que ponto chegou o governo do PT. A lógica de sua reforma ministerial não é demitir incompetentes. O objetivo principal é apenas pavimentar o caminho para a reeleição de Lula em 2006. Não haverá mudança gerencial na administração federal. O governo vai ser isso aí até o final.
Vigora entre petistas a tese segundo a qual a economia está no caminho correto. O restante vem por gravidade, exceto o intrincado quadro de alianças para reeleger Lula.
Os tucanos e os pefelistas se arrepiam agora, mas foram protagonistas de um cenário quase idêntico em 1997, quando FHC começou a montar seu palanque para 1998.
Foi nesta época, há oito anos, que o jurista internacionalmente reconhecido Íris Rezende virou ministro da Justiça -seu predicado maior era ser filiado ao PMDB.
A estratégia era simples. O país estava falido e FHC precisava se reeleger no primeiro turno. A eleição de 1998 não podia ter muitos postulantes. O tucano conseguiu a proeza de ter Mário Covas e Paulo Maluf ao seu lado. Deu certo. Só dois candidatos competitivos acabaram se inscrevendo: Lula e Ciro Gomes.
Ainda assim, FHC só teve 53,06% dos votos válidos. Bateu na trave. Por pouco não houve segundo turno. Lula conhece muito bem essa história.
É por conta desse cenário passado que o PT trabalha agora para evitar o dano futuro. Até na estratégia eleitoral os petistas repetem os tucanos.
Para Lula, é essencial que o PMDB não tenha candidato a presidente da República. Em 1994, com um desacreditado Quércia, a sigla teve 4,38%. Em 2006, um peemedebista na parada pode não vencer, mas haveria risco de a disputa ir ao segundo turno.
Tudo considerado, o PT e Lula não fazem a menor cerimônia. Convidam todos a entrar na sua arca de Noé -PL, PTB, PMDB e PP malufista e quem mais tiver interesse em manter o país sob o governo petista. Exatamente como FHC, PSDB e o PFL fizeram há oito anos. Pelo poder. Não para governar e mudar o país.

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