Os novos ministros Romero Jucá e Paulo Bernardo já falavam como escolhidos antes de o Palácio do Planalto ter comunicado a decisão do presidente de nomeá-los. Que a grande fritura coletiva virara uma reforminha também foi notícia passada pelos políticos. Os novos ministros inauguraram uma forma nova de posse: a posse furtiva. O ministro mais flambado pelas chamas foi confirmado como coordenador político de uma base em frangalhos. Foram muitos, ontem, os flagrantes do estranho estilo decisório do presidente Lula.
Ele pôs vários dos seus ministros na panela e os fritou por semanas a fio. Tirou deles capacidade de tocar a máquina e de tomar as decisões necessárias e autoridade. Ontem decidiu que não ia decidir. Ocupou um ministério vago, anunciou o novo ministro da Previdência e só. Segundo foi dito, fez isso para punir o presidente da Câmara. Ou seja, o bizarro presidente da Câmara dos Deputados determinou, de uma forma ou de outra, as decisões presidenciais.
O deputado Severino Cavalcanti deu ultimato ao presidente Lula. Apesar disso, foi recebido no Palácio. Lula foi ofendido em público e aceitou uma conversa em privado com o autor do despropósito. O senador Renan Calheiros avisou ao presidente que ele não pode tirar o partido do Ministério das Comunicações. E foi atendido.
O presidente Lula fica muito atrapalhado quando tem que exercer seu poder e reorganizar o Ministério. Expõe seus auxiliares. Se são tão bons que mereceram ser convidados para o Ministério, deveriam ser informados sobre a forma e o tempo em que ocorreria a transição, em vez de ficarem diariamente sendo expostos ao fica-não-fica. Se são tão ruins que não mereceram o cargo para o qual foram escolhidos, é preferível avisá-los disso e deixar um interino no lugar à espera do novo chefe. O ministro Amir Lando pediu demissão e anunciou a hora da transmissão de posse também antes do anúncio oficial do Palácio. As iniciativas ontem eram todas de pessoas de fora do Planalto.
A demora na tomada de decisão provoca paralisia administrativa. Não apenas para ministro que vai sair. Toda a equipe fica no suspense. Até os funcionários da máquina que continuarão trabalhando no governo não conseguem fazer seu trabalho, porque o processo decisório fica trancado.
As intermináveis semanas de fritura múltipla deixaram vários ministros com a cabeça em outras áreas, para onde seriam nomeados, ou com a cabeça na guilhotina, que agora se avisa, não cairá mais. O ministro Humberto Costa já estava ontem de manhã falando sobre seu cargo no passado. A senadora Roseana Sarney foi cotada nos últimos dias para pelo menos três ministérios: Planejamento, Cidades e Coordenação Política. Das duas uma, ou ela é um quadro excepcional, com inúmeros talentos, ou o presidente não sabia muito onde encaixar seus candidatos. O ministro Aldo Rebelo foi confirmado num cargo no qual não mostrou qualquer vestígio de aptidão. Basta ver as derrotas políticas recentes que o governo sofreu.
O ministro Humberto Costa está mantido no cargo porque está posando de herói na crise do Rio. A pose só engana quem não se lembra do caso Inca, em que ele conseguiu, em menos de seis meses no cargo, transformar um centro de excelência num hospital onde faltava gaze. O Rio não tem uma epidemia. Tem uma crise de gestão, na qual é difícil escolher quem tem uma parcela maior da culpa.
O país já viu crise econômica que produziu uma crise política. Já viu crise econômica que produziu uma união da base parlamentar levando à aprovação de medidas para enfrentar as turbulências. Mas o que o atual governo inova é em produzir uma crise política desta dimensão num momento de crescimento econômico com abundância de bons dados. O Congresso passou os meses finais do ano passado paralisado; os primeiros meses deste ano também. O governo é derrotado na votação da mesa da Câmara. A Câmara aprova projetos que estouram os gastos. Muitos deles, com a participação efetiva do partido do presidente. E, agora, com a pauta trancada, aguarda a reforma de Itararé. E é difícil saber o que foi mesmo que detonou tamanha crise.
A reforma verdadeira e necessária deveria ser feita para racionalizar a máquina pública, reduzir ministérios, melhorar o desempenho do governo. Mas estes critérios não estiveram, um minuto sequer dos muitos que o presidente dedicou ao assunto, na mesa presidencial. O que o eleitor começou a dizer nas pesquisas de opinião, como a que foi divulgada ontem, é que ele pode mudar de opinião, e é o único dono da própria opinião.
Entrevista:O Estado inteligente
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