Entrevista:O Estado inteligente

sábado, julho 12, 2008

O iPhone e o avanço do touch screen

O toque que torna tudo mais fácil

Começa a venda do novo iPhone, o celular que deu
início à revolução das telas sensíveis. Agora, o sistema
pode ser encontrado em PCs e outros aparelhos


Rafael Corrêa

Fotos Paul Sakuma/AP e divulgação
O iPhone 3G, que começou a ser vendido na semana passada: sistema de GPS (à direita) e preço mais barato

A popularização dos computadores pessoais, nos anos 80, consagrou o mouse como ferramenta ideal e universal para acionar seus comandos. O surgimento do iPhone, há um ano, introduziu uma nova forma de interagir com aparelhos eletrônicos pessoais – a tela sensível ao toque, tecnologia que em inglês leva o nome de touch screen. O celular da Apple, empresa comandada pelo mago Steve Jobs, permite arrastar objetos e aumentar o tamanho de imagens usando somente a ponta dos dedos. O sucesso do iPhone, que já vendeu 6 milhões de unidades, abriu as portas para a ampliação da oferta de aparelhos com a tecnologia touch screen. O sistema já existia desde os anos 70, mas estava restrito a nichos sem graça, como caixas eletrônicos de bancos e totens de informações em shopping centers. Nos últimos meses, antes mesmo que o iPhone completasse um ano de existência, viu-se uma leva de lançamentos com telas sensíveis ao toque. São celulares feitos para concorrer com o modelo da Apple, computadores e até mesas digitais instaladas em bares e restaurantes para os clientes fazerem seus pedidos.

A nova versão do TouchSmart, da HP: o computador se transforma numa central multimídia com comandos na tela

O entusiasmo dos compradores, que em algumas lojas fizeram fila para adquirir o iPhone 3G, a segunda geração do telefone da Apple, que começou a ser vendido na sexta-feira da semana passada, pode ser entendido como um sinal de que a tecnologia touch screen em pouco tempo poderá se tornar tão comum quanto o mouse. O primeiro setor a sentir o impacto da revolução causada pela tela do iPhone foi, evidentemente, o de telefones celulares. Os concorrentes da Apple correram para colocar a tecnologia touch screen em seus aparelhos. A coreana Samsung lançou o Instinct, que apresenta dois trunfos na disputa com o iPhone. O mais evidente é o preço. Nos Estados Unidos é vendido por 130 dólares, 70 a menos que o modelo da Apple. A segunda arma do Instinct é a forma engenhosa com que sua tela vibra ao ser acionada, criando a impressão de que o que está sendo pressionado é uma tecla de verdade.

A também coreana LG entrou na corrida com o modelo Vu, vendido a 300 dólares. Seu destaque é a capacidade de receber o sinal de televisão com qualidade razoável de imagem. A concorrência desses aparelhos com o iPhone 3G não é fácil, claro. O novo iPhone, ao contrário de seu antecessor, dispõe de acesso rápido à internet e de uma série de novos aplicativos que não poderiam ser usados num aparelho convencional, com comandos feitos em teclados. Um deles é o sistema de posicionamento GPS, que permite visualizar mapas e encontrar o melhor caminho para se locomover nas cidades grandes. O apelo principal do iPhone 3G é o preço – metade do que era cobrado pelo modelo anterior. Sai mais barato porque a operadora banca parte do custo.


Divulgação
A Surface, da Microsoft, instalada num bar de cassino em Las Vegas: o sistema permite aos clientes pedir bebidas, mandar mensagens para outras mesas e jogar

Entre os computadores pessoais, a segunda versão do TouchSmart, fabricado pela americana HP, é a que melhor utiliza os recursos da tecnologia touch screen. A máquina oferece uma interface gráfica que transforma o Windows Vista numa central multimídia comandada por toques em sua tela de 22 polegadas. Os movimentos de dedos necessários para ouvir música, ver vídeos ou gerenciar arquivos de fotos são similares aos usados no telefone da Apple. O PC TouchSmart é vendido por 1 300 dólares. Como não quer ficar atrás na revolução provocada pelas telas sensíveis ao toque, a Microsoft passou a promover de forma agressiva a mesa digital Surface. Ela é controlada com movimentos das pontas dos dedos sobre a superfície de uma tela de 30 polegadas. Um computador embutido na peça pode ser usado para editar e arquivar fotos, ler e-mails, montar apresentações profissionais e até jogar games. Por enquanto, a Surface está sendo vendida somente a estabelecimentos comerciais pelo preço de 10 000 dólares. O grupo americano Harrah’s instalou algumas unidades no bar de um dos seus cassinos. Os clientes do iBar, no Rio All-Suite Hotel, de Las Vegas, podem usar a Surface para conversar com pessoas de outras mesas, pedir bebidas e, claro, jogar. A Surface também já é usada nas lojas da AT&T para ajudar os clientes a escolher entre os vários modelos de celulares e de planos de assinatura.

Os concorrentes do iPhone: o Vu, da LG (à esq.), recebe sinais de canais de TV, com imagem razoável; a tela do Instinct, da Samsung (à dir.), vibra em resposta aos toques

O touch screen pode vir a ser o charme do Windows 7, nome provisório do sucessor do Vista, o sistema operacional de que pouca gente gostou. A Microsoft já demonstrou um protótipo do novo sistema em um laptop com tela sensível ao toque. Em linhas gerais, será como usar um iPhone, com a diferença que o movimento dos dedos permitirá navegar pelos programas do computador. Com o touch screen ficaria mais fácil realizar operações como deslocar objetos em aplicativos de design gráfico, até mesmo naqueles simples, de uso doméstico. A previsão de que o Windows 7 só esteja pronto em 2010 é o sinal de que a Microsoft ainda tem um longo caminho a percorrer antes de criar um sistema operacional que faça um computador funcionar com a leveza de um iPhone. Não será surpresa se Steve Jobs, com seu toque de Midas, lançar uma versão do iMac com tela touch screen antes que o arqui-rival Bill Gates consiga concluir o projeto Windows 7.

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