Contraste
Guerra Fria de concreto e vidro
A nova embaixada dos Estados Unidos rivaliza com a missão
russa, sua vizinha na área mais nobre da capital alemã
Duda Teixeira
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Durante 44 anos, Berlim foi o centro nervoso da Guerra Fria. Não é mais assim. A Alemanha foi reunificada e o comunismo virou fumaça. Na semana passada, a inauguração da nova embaixada dos Estados Unidos, vizinha à da Rússia, reacendeu uma fagulha de rivalidade. Qual das missões é a mais impressionante? Os alemães consideram ambos os prédios horrorosos. A embaixada russa, que já foi soviética, é pejorativamente conhecida como "Bolo de Casamento". Os jornais berlinenses criticaram o jeitão de bunker da nova embaixada americana e a apelidaram de Alcatraz, referência à famosa prisão da Califórnia. Os dois prédios têm localização excelente, no coração histórico da capital alemã, perto do Portão de Brandemburgo, o ícone da cidade. Distantes pouco mais de 300 metros um do outro, estão bastante próximos do perímetro onde durante 28 anos um muro dividiu a cidade em duas. Desde a reunificação, em 1990, a região passou por intensa renovação, recuperando o brilho anterior à guerra.
Quando Berlim voltou a ser a capital alemã, a França e a Inglaterra decidiram instalar suas embaixadas nas proximidades do Portão de Brandemburgo. Para os americanos, a escolha natural recaiu no endereço de um antigo palácio adquirido pelos Estados Unidos em 1931 e totalmente destruído na II Guerra. O jeito pesadão do edifício encomendado a uma empresa de arquitetura da Califórnia deve-se às preocupações com segurança. Uma das exigências para manter os terroristas a distância foi a existência de um espaço aberto mínimo de 30 metros em torno do prédio. Para tanto, o traçado da rua que passa atrás da embaixada foi levemente alterado. O prédio russo é mais antigo. Datado de 1953 e com quase 20 metros de altura, é o único a transgredir a lei municipal que regulamenta as edificações. O complexo conta com quadra de tênis, piscina e um busto solitário de Lenin. Foi o único que restou em Berlim após a queda do muro.
   Foto Guido Bergmann/Getty Images e Tobias Schwarz/Reuters |
