Entrevista:O Estado inteligente

segunda-feira, julho 30, 2007

Antonio Sepulveda,Argumentum ad misericordiam

Argumentum ad misericordiam


Lula da Silva, com três dias de atraso, foi ao rádio e à televisão para se manifestar sobre a tragédia da TAM em Congonhas. Não fez um exame de situação, não enunciou fatos pertinentes, não expôs nem ponderou nem contestou argumentos; enfim, não se comportou como um decisor que tenha os pés no chão. Mal assessorado, mentiu ao afiançar que nossa malha aérea operava em padrão internacional; não reconheceu que a aviação brasileira se encontra à beira do abismo e a exigir um planejamento abrangente para investimentos em segurança e eficácia. Lula da Silva parece ter só uma preocupação na vida: passar por bom-moço aos olhos da opinião pública.

E o que disse nosso presidente afinal? Partiu para o argumentum ad misericordiam, ou seja, um raciocínio falso que simula veracidade, porque invoca compreensão piedosa com o propósito de ter a conclusão aceita. E foi compreensão que Lula da Silva pediu com o governo; considerou injustas, precipitadas e “quase irresponsáveis” (sic) as críticas à incúria governamental na condução da crise aérea. Não condenou os discursos nem os gestos de seus subordinados mais diretos; nocivos, levianos, despropositados e agressivos, raiando pela obscenidade. Com extrema insensibilidade, chegou ao cúmulo de permitir a condecoração da incompetência dos diretores da ANAC em ato quase simultâneo aos velórios das vítimas e enquanto ainda fumegava o local da tragédia.

Quem entende do riscado afirma que nossa malha aérea precisa de sistemas digitais e cobertura integral por satélite, incluindo-se equipes adestradas e equipamentos de back-up; e é preciso pôr um fim ao angu-de-caroço a ser enfrentado por quem se aventurar a uma simples viagem de avião.

O leitor deve estar dando boas risadas, porque qualquer um que tenha superado a barreira do primeiro grau sabe que nosso supremo mandatário nada conhece sobre esses assuntos ou qualquer outro assunto sério; não compreende o que dele se espera nem possui discernimento, se a questão comporta um mínimo de complexidade. Lula da Silva é, sem dúvida, uma entidade populista, cujo estilo tosco exerce um fascínio doentio na plebe ignara e sustenta a cupidez dos mal-intencionados. Ele foi fabricado pela nomenclatura petista que o usa e dele abusa para se perpetuar no poder e instalar, no Brasil, o flagelo socialista. Não governa, porque não sabe governar; não passa de um presidente de fachada. Somente num país de analfabetos e apedeutas, a escória política teria condições de urdir a figura tão prosaica que ocupa o poder executivo e hoje nos impõe este cenário de catástrofe.

E esta é também uma inquietação dos cortesãos do Planalto, porquanto sabem que terão perdido a galinha dos ovos de ouro, na hora em que a massa de eleitores intelectualmente desfavorecidos compreender a funesta realidade da camarilha de Lula da Silva e a parvoíce do próprio Lula da Silva. Eis a lógica da matula que cerca o presidente: manter o poder a qualquer custo, e o resto que se dane, ainda que o resto sejam vidas inocentes, brutalmente ceifadas pela fúria dessa ambição canalha de viés ideológico.

Mas o governo tem culpa, sim. Como em qualquer administração centralizada e estatizante, o governo é culpado de quase tudo. O raciocínio é de uma simplicidade franciscana. Quem programa, administra, regulamenta e fiscaliza a infra-estrutura dos aeroportos e as companhias de aviação é o governo; quem controla a segurança da navegação aérea é o governo; e é também o governo quem concede e distribui as linhas às empresas. O governo é o faz-tudo. Por conseguinte, se houve falha, se o sistema não funciona, se não existe garantia de salvaguarda da vida humana, se a aviação brasileira é um caso de calamidade pública, a culpa é, sim, necessariamente, do governo; do mesmo governo que nos cobra uma fortuna em taxas e impostos extorsivos pela prestação desses serviços.

Já andam dizendo por aí que a causa do acidente em Congonhas foi explicada: falha humana ao digitar o voto.

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