Falhas de programação deixam o novo
celular da Apple à mercê de sabotagem
Montagem sobre foto de JGI/Getty Images/Royalty-Free |
Enquanto foi dona de uma fatia pequena do mercado de computadores pessoais, a Apple não atraiu muita atenção dos hackers, que preferiam atacar os onipresentes sistemas operacionais da Microsoft. Mas o extraordinário sucesso de produtos como o iPod e o iPhone, lançados pela empresa de Steve Jobs, deve mudar essa situação. O iPhone (não se sabe ainda quando ele chega ao Brasil) vendeu mais de 500.000 unidades nos Estados Unidos no fim de semana de seu lançamento. Logo em seguida, passou a ser esquadrinhado em busca de falhas de programação. E elas apareceram. Um meio de desbloquear o iPhone foi descoberto, possibilitando que o aparelho seja utilizado independentemente do contrato de exclusividade que a Apple celebrou com a operadora americana de celulares AT&T. Também se encontrou uma forma de baixar toques de campainha personalizados no celular, o que em tese não seria permitido. Na semana passada, contudo, veio à tona uma falha preocupante: uma empresa americana especializada em segurança digital, a Independent Security Evaluators, encontrou uma brecha de sistema que permite que o telefone seja "seqüestrado" por estranhos. A empresa postou no YouTube um vídeo chamado Exploiting the iPhone, que mostra como o ataque pode acontecer.
O problema detectado pela Independent Security Evaluators se concentra no navegador de internet do iPhone, o Safari, que também está presente nos computadores Apple. O software apresenta um bug, ou defeito, que permite que um hacker acesse todas as mensagens do aparelho e os contatos da agenda telefônica. Pior, o hacker pode fazer com que o telefone realize ligações indesejadas. Além de ter sua privacidade devassada, o usuário poderá sofrer um belo prejuízo financeiro. "Basta acessar um site mal-intencionado, ou abrir um e-mail malicioso, e o telefone pode ser infectado", disse a VEJA o pesquisador Charlie Miller, da Independent Security Evaluators. Segundo Miller, uma "epidemia" que afete os iPhones é improvável, mas não impossível. A Apple já foi avisada do erro, mas ainda não anunciou o lançamento de uma atualização de software que o corrija.
Não é apenas o iPhone que apresenta fragilidades. O iPod já mostrou ter falhas: o Kaspersky Lab, desenvolvedor de antivírus, detectou uma brecha de segurança que poderia travar o aparelho. O risco é desprezível porque o iPod não se conecta diretamente à internet nas versões atuais. Mas há indícios de que a Apple planeja lançar um iPod capaz de trabalhar on-line e até mesmo se comunicar com o iPod do vizinho – e nesse caso o perigo de invasão se multiplicaria. Deve-se dizer que é normal, e até aceitável, que um produto apresente bugs em suas novas versões. A rapidez da empresa que o lançou em oferecer uma solução para o problema dá a medida de seu comprometimento com os clientes. A Apple sempre foi ágil em combater os bugs de seus computadores – mas eles só respondiam por 5% do mercado. Os possíveis ataques ao iPod e ao iPhone, que são febres de consumo em massa, vão representar um novo tipo de desafio.