Riqueza
Adeus, marinheiros
O maior veleiro particular do mundo
é todo controlado por computadores
Daniel Salles
Amory Ross |
Bilionários que se presenteiam com mimos caríssimos, como grandes jatos adaptados para uso particular ou antigos castelos europeus, em geral não fazem alarde dessas aquisições. O americano Tom Perkins, um investidor do Vale do Silício que há uma década apostou dinheiro em empresas então incipientes como Google e Netscape, pensa diferente. Acaba de ser lançado nos Estados Unidos o livro Mine's Bigger: Tom Perkins and the Making of the Greatest Sailing Machine Ever Built (O Meu é Maior: Tom Perkins e a Construção da Mais Incrível Máquina de Velejar Já Construída), do jornalista David A. Kaplan. A obra conta tudo sobre o barco do empresário, o Maltese Falcon, o maior veleiro particular do mundo e um exemplo notável da aplicação de novas tecnologias à arte de navegar. O barco foi inaugurado há um ano e, quando não está singrando os mares, fica ancorado na Baía de São Francisco. O Maltese Falcon não tem timão nem o emaranhado de cordas característico dos veleiros. Os mastros, estruturas monumentais feitas de fibra de carbono, são controlados por dezenas de computadores, num sistema que usa 40 quilômetros de cabos e fibras ópticas. As velas são içadas e recolhidas automaticamente. A embarcação é guiada com o simples toque de botões num painel de controle – apenas um comandante consegue conduzi-la.
Como é o Maltese Falcon ÁREA TOTAL DAS VELAS TRIPULANTES PASSAGEIROS CUSTO DE CONSTRUÇÃO |
"Posso ensinar qualquer pessoa a pilotar esse veleiro em apenas meia hora", brinca Tom Perkins. Aos 75 anos, ex-marido da escritora de best-sellers açucarados Danielle Steel, o bilionário é um dos nomes mais festejados no mundo das empresas de alta tecnologia da Califórnia, por cujas estradas costuma dirigir Bugattis e McLarens. Ele é também apaixonado por veleiros e barcos de corrida. O Maltese Falcon, que com as velas enfunadas alcança a altura de um prédio de dezoito andares, é seu grande sonho de consumo. O barco, construído na Itália e na Turquia ao longo de cinco anos, custou 130 milhões de dólares – com mais 20 milhões, Perkins poderia ter adquirido um jato 787 Dreamliner, o novíssimo modelo da Boeing. O interior do Maltese Falcon, evidentemente, oferece todas as amenidades que o dinheiro pode comprar, como átrios monumentais, paredes de couro e equipamentos eletrônicos de todo tipo. Sobre a mesa da sala de jantar, uma clarabóia de vidro se abre da mesma maneira que a íris de uma câmera fotográfica. Suas suítes podem abrigar até doze felizardos, que têm à disposição dezesseis tripulantes, na maioria serviçais. Agora, com este livro, Perkins se orgulha de mostrar ao mundo seu novo brinquedo.