Os velhos e sempre adiados projetos de construção de trens rápidos entre a capital e os aeroportos de Cumbica e Viracopos, que deverão ter seu movimento aumentado para desafogar Congonhas, ganharam novo impulso com a crise do sistema de transporte aéreo e hoje têm chances reais de sair do papel.
O governador José Serra, que vê nesses trens e na ampliação da capacidade dos dois aeroportos a melhor saída a curto e médio prazo, deve levar o problema ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva e pedir a participação do governo federal nos projetos. E, apesar de ter lançado a idéia da construção de um terceiro aeroporto em São Paulo como a principal medida para a solução do problema, o governo se mostra simpático à proposta de Serra, a julgar pelo que diz o ministro dos Transportes, Alfredo Nascimento. O presidente, afirmou, já lhe pediu que tomasse providências para facilitar o acesso àqueles aeroportos.
O projeto do trem rápido para Cumbica, conhecido como Expresso Aeroporto, já está bem adiantado. Deve estar concluído no final de agosto. Haverá uma audiência pública em setembro, dentro do processo de licitação. O edital será publicado no final do ano e o secretário estadual dos Transportes Metropolitanos, José Luiz Portella, prevê que em maio de 2008 será conhecido o vencedor. A obra está em R$ 3,4 bilhões, dos quais o governo do Estado arcará com 45%. À iniciativa privada caberão 38%, no sistema de Parceria Público-Privada, e à União a menor parte - os restantes 17% (R$ 580 milhões).
O Expresso irá da Estação da Luz - onde os passageiros poderão fazer o check-in, seguindo a bagagem em vagão especial - até Cumbica em 20 minutos. O preço da passagem ficará entre R$ 25,00 e R$ 30,00. A ligação ferroviária com Viracopos, cujo projeto não está tão adiantado, tem custo estimado em R$ 2,7 bilhões. Os estudos iniciais prevêem que o trem fará o percurso de 93 quilômetros entre a capital (um terminal na Barra Funda) e o centro de Campinas em 50 minutos, a uma velocidade máxima de 160 km/h e média de 110 km/h, com uma parada em Jundiaí.
Se não se pode abandonar a construção do terceiro aeroporto, que a expansão do transporte aéreo deve tornar inevitável, a verdade é que a curto e médio prazo a melhor solução parece ser mesmo a proposta por Serra.