O Estado de S. Paulo |
22/8/2006 |
O tom pesado que o PFL reservou ao presidente Luiz Inácio da Silva, principalmente no programa do partido exibido no primeiro semestre, com ataques explícitos a Lula e todos os seus assessores e aliados envolvidos no escândalo do mensalão, foi, na opinião da equipe de comunicação de Geraldo Alckmin, o grande responsável por "vacinar" o presidente contra denúncias. Por essa interpretação, usada como justificativa para Alckmin não bater em Lula na proporção desejada pelos companheiros de aliança do PSDB, os pefelistas lançaram mão de paus e pedras antes da hora e acabaram por ajudar o eleitorado a se acostumar com o assunto corrupção. Teriam, assim, banalizado o grande trunfo da eleição antes do tempo. É claro que o PFL pensa exatamente o contrário: que os tucanos não apenas demoram a entrar na guerra, como nesta altura já perderam a embocadura do combate. Se a oposição chegar ao segundo turno, terá sido obra da divisão de votos provocada por Heloísa Helena e do juízo independente, e porventura negativo, que o eleitor venha a fazer sobre a hipótese de mais quatro anos de governo Lula. O candidato tucano, nessa análise, não teria um papel ativo; chegaria ao segundo turno por força da exclusão. Já no PSDB - melhor dizendo, na campanha de Alckmin - a idéia é a de que o excesso de ataques dá ao eleitorado a impressão de que se trata de uma briga entre políticos, todos iguais e, portanto, o que um diz do outro não merece grande crédito nem serve para definir o voto. Mas, de qualquer forma, são dois os públicos aos quais o candidato deve se dirigir. O informado, leitor de jornal ou mesmo só interessado nas notícias do rádio e da televisão, e o desinformado, cuja compreensão é dispersa e superficial. A este último é que se dirige o horário eleitoral. Os marqueteiros sempre reagem às críticas a seus programas alegando que os analistas não são o "público alvo" e, por isso, a opinião deles (nossa) não vale grande coisa. Por isso os responsáveis pela comunicação política dos principais candidatos preferem esperar os resultados das próximas pesquisas antes de fazer (ou não) alterações significativas nos programas. Já na comunicação dirigida ao público mais informado, vale dizer, nos discursos, entrevistas e eventos de campanha, as mudanças são feitas conforme as primeiras avaliações. Por exemplo, de domingo para cá Alckmin elevou o tom das críticas a Lula nas entrevistas por causa da repercussão "morna" do horário eleitoral. O presidente, por sua vez, retomou as referências ao PT e à cor vermelha do partido. No comício de Osasco, domingo, estava de camisa vermelha e pediu votos para candidatos de seu partido, repetindo o nome da legenda várias vezes. Evitou ser fotografado ao lado do deputado João Paulo Cunha, é verdade, mas, aí, é uma questão de sobrevivência. Além do mais, se trocasse amabilidades com mensaleiros em público daria margem a acusações de indiferença à questão ética. Os escândalos e as denúncias podem não ter importância no horário eleitoral, mas pesam bastante nas análises políticas feitas a partir de ações cotidianas dos candidatos. Tanto as equipes de Alckmin quanto de Lula observam não apenas as pesquisas, mas também os movimentos do adversário. Um receio comum a ambos é o da cassação de preciosos minutos por parte da Justiça Eleitoral, em caso de infrações e agressões. Nenhum dos dois quer perder horário nem dar ao oponente oportunidade para direito de resposta. Os petistas estão surpresos com o tom leve do programa tucano, céticos quanto à continuidade dessa fidalguia toda. E, de fato, o PSDB não abre o jogo, mas deixa transparecer a disposição de usar armas mais pesadas de setembro em diante. Não há arsenal atômico guardado, nada relativo a novas denúncias contra Lula. Há planos de aproveitar os pontos fracos do presidente e produzir peças de fácil compreensão popular. Uma delas seria a comparação da "arrumada" de meia do jogador Roberto Carlos no jogo Brasil e França, enquanto Zidane fazia o gol da vitória francesa, com a "distração" do presidente Lula, enquanto o PT armava um esquema de arrecadação ilegal de dinheiro para financiar os partidos que comporiam sua base de apoio no Congresso. A oposição prefere guardar esse tipo de artimanha para a reta final do primeiro turno ou mesmo para o segundo se, em meados de setembro, Alckmin já tiver atingido o patamar dos 30% das intenções de voto. A questão que o PFL levanta diante dessa tática de economia de material de contra-ataque é se dará tempo de fazer algum efeito. Ver de novo No escândalo do mensalão ocorreu o mesmo. Esperava-se uma leva grande de renúncias, mas a expectativa de impunidade reduziu o número também a "três ou quatro". |
Entrevista:O Estado inteligente
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terça-feira, agosto 22, 2006
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