Entrevista:O Estado inteligente

sexta-feira, maio 12, 2006

Triste ocaso de um governo



Artigo - Daniel Augusto Maddalena
Gazeta Mercantil
12/5/2006

Apesar dos percalços, o Brasil não deixou de crescer. Começamos 2006 já sabendo que este seria um ano atípico: mais atrativo para os brasileiros, amantes do futebol, por conta da Copa do Mundo, e principalmente para os políticos. Em outubro vamos eleger presidente, governadores, deputados federais e estaduais e um terço do Senado. Ao atual presidente restam poucos meses de governo. Para os mais céticos, serão meses de passividade, um período marcado pelo triste ocaso de um projeto que começou como um marco inusitado em nossa história política. O atual governo teve início envolvido por um clima de euforia desenfreada. Quem não se lembra das comemorações, dos discursos inflamados que invadiram os palanques, das incontáveis promessas? Mas o tempo se encarregou de desfazer os sonhos. Das promessas iniciais, que pareciam ser a marca indelével do resgate da cidadania de um povo que se "via" no poder, pudemos acompanhar uma sistemática "queda de máscaras". O governo do PT surpreendeu negativamente. Caso Waldomiro Diniz, denúncias de mensalão, cassação de políticos e outros escândalos que aparecem a cada momento frustram pessoas que depositaram sua confiança (e seu voto) no partido "diferenciado". A corrupção, "carma" carregado por tantos anos em nossa política, no atual governo também se faz presente. Mesmo com a sensação real de que era falsa a afirmação de que este seria um governo com a para o povo, mesmo com a inconsistência de conteúdo no discurso e na administração do atual governo, o Brasil cresceu! Podemos observar o crescimento real de um país que operou no sentido de buscar a ampliação de sua produção industrial e agrícola, desenvolvendo seu comércio e multiplicando as exportações, apesar da política caótica de desvalorização do dólar. Bem verdade que cresceu também a ganância do governo em arrecadar. Batemos o recorde de arrecadação de tributos em 2005. E isso aconteceu mais pela majoração nas alíquotas dos impostos do que por um apoio ou incentivo do governo ao crescimento da economia. Contudo, o fato é que crescemos. Feita a análise, pode-se chegar à conclusão de que, independentemente de quem governa, com total ou nenhuma capacidade, este país cresce. E o fator determinante para isso acontecer é a vontade desta nação de fazer um futuro diferente. Nunca se observou tanto trabalho sério e empenho desenvolvimentista da população. Nunca se ficou tão atento aos resultados das inúmeras CPIs. Corruptos despencaram de seus postos. Cada cidadão brasileiro criou dentro de si um espírito inquebrantável de luta e persistência. Cobra-se hoje por erros nas urnas eleitorais. Eis aqui o lado positivo da experiência: hoje sabemos mais do que em 2002. Talvez ainda uns acreditem nas novas promessas que virão dos palanques espalhados por todo o País. Estes, porém, já não são mais a maioria. O povo deve ser parabenizado. Não só por tomar tal dose de realidade, mas também por não se deixar abater por ela. Não encontrando outro meio para sobreviver, uma vez que as promessas do governo foram apenas promessas, a população teve de edificar uma solução, organizando-se em associações e cooperativas, em grupos de empresários na luta para ver preservados os direitos à livre iniciativa. Ainda assim, deparou com uma sanha voraz de arrecadação de impostos e taxas. Aos industriais também valem as congratulações. Mesmo com o aperto dos tributos que surgem ano após ano, conseguiram sobreviver e crescer, multiplicando as oportunidades de trabalho – que o próprio governo prometeu mas não cumpriu. Mesmo com o rol de críticas, como diz o velho ditado, a esperança é a última que morre. Então, que ela fique concentrada nestes últimos meses, quando nosso presidente completa seu mandato. Esperamos que sejam meses de muito trabalho e empenho, de geração máxima de empregos, para que o povo perceba a real intenção no cumprimento das promessas eleitorais. Ou que, ao menos, se deixe a iniciativa privada crescer e andar com suas próprias pernas. Firme, forte e para frente, gerando trabalho e renda para o País.

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