Entrevista:O Estado inteligente

sábado, maio 13, 2006

MILLÔR

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    PROFESSOR DE IQUITOLOGIA EM SECO
    PELA UNIVERSIDADE SEMI-ÁRIDA
    DE GARANHUNS

Discutem se Lula é apenas mau-caráter,
apenas desonesto, apenas megalomaníaco.
Ou tudo junto. Sempre discordei. Sempre
afirmei que Lula é um fronteiriço. E agora
está provado: da fronteira da Bolívia.
NÃO, JÁ NÃO SE FAZEM

MAIS BOLÍVARES COMO
ANTIGAMENTE

Pois é, aí estão os novos Bolívares, por atacado. Agora são três, ou quatro, se contarmos também com o Kitchnet. Do bolivarismo antigo, com um objetivo limpo e compreensível, surgem-nos agora esses três mosqueteiros também querendo libertar os povos andinos, ainda não decidiram bem de quê. Uns dos outros? Chávez de Morales, Morales de Lula, Lula socialista de uma parte e neopolichinelo do outro, querendo provar ao mundo a doutrina do Eta-nóis-hein-mãe!? Os três juntos provando de uma vez por todas que esse negócio de alfabetização num tá cum nada?

O mundo, e as enciclopédias, estão cheios de sub-heróis, heróis setoriais, falsos heróis, quase todos simples e adorados exterminadores de povos. Povos que, em geral, adoram um antipovo. Mas a quase nenhuma dessas figuras míticas podemos tirar nosso chapéu metafórico.

Porém, aqui entre nós, na América do Sul, houve um herói do qual não podemos duvidar. Garibaldi, o Giuseppe. Nasceu herói, cresceu herói e morreu herói. Geneticamente herói. Embora até o fim da vida registrasse sua profissão como agricultor. E não tava nem aí pra dinheiro.

Mas, a julgar por onde podemos julgar, pelo feito realizado, Bolívar foi ainda mais herói do que ele. Eu diria mesmo, pela maneira como fez, e pelos poderosos que enfrentou, que foi o Ronaldinho Gaúcho dos Andes. Embora Garibaldi, com mais razão, pudesse ser chamado de Giuseppinho Gaúcho.

Se Lula, como faz sempre, não procurar no Google, que não chega ainda a ser uma autoridade cultural, mas procurar na Britannica, verá que não tem razão quando defende a ignorância como padrão de cultura. Pois, segundo essa Britannica, Simoncito, soldado estadista a quem seis repúblicas latino-americanas devem sua libertação do domínio espanhol, "é considerado o maior gênio do mundo hispano-americano. Há poucas figuras na história européia, e nenhuma nos Estados Unidos, exibindo sua formação de força e delicadeza, caráter e temperamento, visão profética e capacidade poética".

Pois bem, Lula, esse companheiro, além de ser um grã-fino rico, estudou em Madri e Paris, e teve vasto e algumas vezes sólido contato com os pensadores racionalistas como Locke, Hobbes, Buffon, D'Alembert. Além disso, estudou Montesquieu, Rousseau e... Voltaire, que você tanto aprecia. Em Paris também estabeleceu contato com Humboldt, que voltava da América do Sul e lhe demonstrou que os povos andinos estavam maduros para se libertarem do domínio espanhol.

No ápice de sua carreira, o poder de Bolívar estendia-se do Caribe à fronteira da Bolívia com a Argentina. Do tamanho do Brasil, Lula! Isso conquistado a pé e a cavalo em mais de 200 batalhas. E, pra não encher ninguém, morreu aos 47 anos (se Lula o imitasse não estaria aí nos exaltando), foi um belo pensador social. Por escrito. E até precursor do Vinicius.

Vinicius (1954):
"Eu sou o branco mais preto do Brasil".

Bolívar (1816):
"De boa linhagem, sangue branco, mas sou mais é um crioulo".



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