O GLOBO
As negociações em andamento para a composição dos palanques regionais estão levando em conta também, tanto por parte da oposição quanto do governo, o número de candidatos que disputarão a corrida presidencial. Embora não seja crucial, a quantidade de candidatos disputando uma eleição é importante para determinar as chances de uma decisão em dois turnos. Por isso, para o presidente Lula, a segunda melhor opção, não podendo contar com o apoio formal do PMDB, será que o partido não lance candidato próprio. Se não por receio de que ele se transforme em uma alternativa para o eleitorado, no mínimo pela constatação de que, quanto maior o número de candidatos, maior a chance de a eleição não ser decidida no primeiro turno.
Se em 2002, o ano em que tudo deu certo para Lula, vencer no primeiro turno não era fundamental, pois sua vitória nunca esteve em perigo, este ano a situação é diferente. Se for para um segundo turno, as chances de perder a eleição crescem exponencialmente. Também o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso em 1998, na sua reeleição, se preocupava com a possibilidade de ir para um segundo turno contra Lula, desgastado pela crise do real, que acabou desvalorizando nos primeiros dias de seu segundo mandato.
Pelo lado do PSDB, não faz sentido a tentativa de organizar uma chapa de centro-esquerda, como chegou a ser pensado, para que uma união do PDT com o PPS desse o candidato a vice-presidente na chapa do tucano Geraldo Alckmin. Houve, de fato, conversas nesse sentido, mais por que Alckmin estava incomodado com a possibilidade, que acabou se concretizando, de o PFL não indicar o senador José Agripino Maia.
A escolha do vice do PFL, aliás, terá repercussões políticas muito maiores na campanha de Alckmin. O PSDB tinha interesse em acalmar o senador Antonio Carlos Magalhães, que apoiava Agripino e perdeu a indicação para o presidente do partido, o senador Jorge Bornhausen.
Isso por que o velho cacique baiano já está insatisfeito com a situação política em seu estado, onde um ex-aliado, o ex-prefeito de Salvador Antonio Imbassahy, é candidato pelo PSDB à única vaga no Senado, com boas chances de vitória.
Pelo lado do PDT/PPS, o maior obstáculo a uma eventual união vinha do senador Cristovam Buarque, que não pretendia aceitar a indicação pois queria se apresentar como uma alternativa tanto ao PSDB quanto ao PT, posição que acabou prevalecendo com a definição de seu nome para candidato do PDT.
Segundo estudos da Mosaico Economia Política, do economista Alexandre Marinis, a porcentagem de eleições definidas em um único turno cai de 53% para 37% quando o número de candidatos na disputa aumenta de quatro para seis, independentemente da força eleitoral de cada um deles.
Mesmo com a manutenção da verticalização de alianças pelo TSE, até o momento a tendência é termos na disputa pelo menos cinco candidatos: Lula, pelo PT/PCdoB; Geraldo Alckmin pelo PSDB/PFL; Cristovam Buarque pelo PDT; Heloísa Helena pelo PSOL e Enéas, pelo Prona.
Pelo critério apenas numérico, a participação de Enéas é importante para o PSDB, pois ele tem uma votação mais ou menos permanente que reforça a ida para o segundo turno. Mas essa votação, pela análise das últimas pesquisas de opinião, sai em grande parte de um eleitorado direitista que votaria em Alckmin se Enéas não concorresse. De qualquer maneira, esses votos tendem a ir para o tucano num eventual segundo turno.
Existem ainda pelo menos mais três candidaturas em gestação: a de Roberto Freire pelo PPS, que pode, por conta das cláusulas de barreira que começam a contar nesta eleição, fazer um acordo com o PDT; Zé Maria, do PSTU, que pode também se aliar ao PSOL; e a do PMDB que, se vingar, muda radicalmente o sentido desta eleição, nesse caso não apenas no número de participantes da disputa, mas, sobretudo, pelo peso político que qualquer das candidaturas teria, especialmente a do senador Pedro Simon.
Segundo o estudo da Mosaico, a porcentagem de eleições definidas em um único turno diminui aproximadamente oito pontos percentuais para cada candidato a mais que disputa o primeiro turno. Em 53% (ou mais da metade) das eleições disputadas por apenas quatro candidatos, o líder do primeiro turno superou a quantidade de votos necessária para definir a eleição em um único turno.
Já nas eleições disputadas por seis candidatos, a porcentagem de casos em que o líder do primeiro turno obteve votos suficientes para definir a eleição em um único turno caiu para 37%. E nas eleições disputadas por sete ou oito candidatos, o percentual de eleições definidas no primeiro turno foi ainda menor: 28% e 23%, respectivamente.
A Mosaico analisou 271 eleições disputadas no país desde 1994. Foram estudadas as últimas três eleições para presidente da República e para governador dos 27 estados da federação (1994, 1998 e 2002) e as últimas três eleições municipais (1996, 2000 e 2004) disputadas em todas as capitais do país e nas cidades com mais de 200 mil eleitores que estão sujeitas a uma decisão em dois turnos. Houve segundo turno em 59% das eleições analisadas (41% foram decididas em turno único).
Segundo a pesquisa, independentemente do número de candidatos na disputa, dificilmente a média de votos válidos obtidos pelo líder dos primeiros turnos analisados é inferior a 40%. Por enquanto, Lula aparece nas pesquisas de opinião com essa média de aprovação.
Já o piso de votos válidos obtidos pelo líder dos primeiros turnos analisados é de aproximadamente 30 pontos. O teto destes votos cai de 80 para 60 pontos se sete ou mais candidatos disputam a eleição.
Entrevista:O Estado inteligente
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