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| Há um bocado de torcida e de mediunidade – e não serei eu a dizer que as pessoas estão proibidas de torcer ou de receber mensagens do além – nas análises dos eufóricos e dos pessimistas sobre as eleições de outubro próximo. Depois da somatória dos efeitos imediatos dos escândalos com a iniqüidade das políticas públicas, os eufóricos olham para o desempenho de Lula nas pesquisas de intenção de voto, comparam-no com o desempenho do candidato tucano, Geraldo Alckmin, e concluem que o presidente está reeleito. Os pessimistas, não sem razão, lêem os mesmos números e concluem que os primeiros passos de Alckmin indicam não haver como virar o quadro. Animador seria, diz quem quer derrotar Lula, que Alckmin já estivesse muitos pontos à frente do presidente, que o quadro de intenções de voto exibisse um Lula em frangalhos, irrecuperavelmente ferido pelos escândalos e pela governança incompetente que desaguou por inteiro na crise do gás boliviano. Porém, para além da resistência política natural de um homem de bom paleio e usuário da máquina pública sem nenhum constrangimento para fins eleitorais, que cacife tão assustador já teria Lula? Dúbio? Dou um exemplo, que me parece categórico: na Bahia, nesta sexta-feira, Alckmin disse que Lula está sendo "dúbio" e "submisso" em relação à crise com a Bolívia. A rigor, uma coisa anula a outra. Se é submisso é submisso, não há dubiedade alguma. Assumo uma empáfia estratégica para ditar e provocar: ora, governador, quem está sendo dúbio é o senhor. Essa crise tinha de ser aproveitada para nadar de braçada, e nem precisa fazer crítica oportunista. É um desastre o comportamento do governo Lula em matéria de política externa. Não xingue, bata politicamente pra valer, exponha a adesão petista ao nacional-estatismo bolivariano-evista. Diga o que o chefe de Estado Alckmin faria de realmente diferente, mostre o que o chefe de Estado Lula está deixando de fazer por ser um bananão demagogo. Só não deixe que suas críticas o transformem em vítima. O candidato tucano também disse que Lula é "violento" com caseiros, mas "fraquinho" para defender os interesses do Brasil. Está errado. Misturou duas coisas, enfraquecendo-as. Uma coisa é a política externa populista de Lula, que está impondo uma derrota ao país. Outra é a violação do Estado de Direito, um governo que para salvar a pele de um ministro poderoso, o da Fazenda, chega a ponto de estuprar os direitos de um cidadão. Foi a caseiro, mas poderia ser qualquer "de vocês". Teto maldito Neste maio, a cinco meses da eleição, dá para afirmar que Lula recondicionou o seu terço histórico. Perdeu muita gente da classe média urbana e alicerçou-se em um mix que junta classe média e média baixa, que mantém ojeriza a tucanos – menos pelo que eles são e fazem e mais por ainda acreditar que o Estado é a salvação dos homens na terra –, com a população de mais baixa renda dependente do Bolsa Família. Olhando essa composição, dá para perguntar: será que Lula arruma o outro terço, aquele que lhe daria a reeleição? Tenho minhas dúvidas sobre o tamanho do espaço que Lula tem para crescer. É bem verdade que o que ele tem serve, no mínimo, para passar a um segundo turno. É verdade, também, que, a depender dos demais candidatos ao pleito de outubro, quantos são, quem são e como são, pode acontecer de eles se engalfinharem na disputa pelos dois terços restantes. Se Lula tem, no mínimo, o latifúndio do um terço garantido, e não é aceitável que ele tenha menos que isso, e os demais candidatos lotearem em minifúndios eleitorais os outros dois terços de intenções de voto, a reeleição do presidente fica mais fácil. Mas, afora Alckmin, todos os outros nomes pré-postos ou têm altíssima rejeição (Garotinho e Heloísa Helena, por exemplo) ou têm baixa viabilidade partidário-eleitoral (Cristovam, Freire etc.). Os crentes A eleição de outubro está mais para o padrão registrado no referendo sobre o comércio de armas, realizado no ano passado. As primeiras pesquisas davam até 80% de vitória ao sim. Uma barbada, teorias mil sobre a ojeriza histórica e profunda do cidadão brasileiro a comerciantes, mais ainda a comerciantes de armas. Virou na argumentação bem martelada ao longo da campanha. Apostar que Lula arruma fácil o outro terço é apostar, com alguma dose de cinismo, que o eleitor vai passar meses de ouvidos lacrados aos argumentos da oposição. O governo Lula é bom? Se é bom pelo que aí está, não vejo como é que um candidato de oposição não possa garantir aos eleitores a manutenção do que é realmente positivo! O governo Lula é corrupto? É, e não vejo onde está a dificuldade para um candidato de oposição estabelecer a diferença entre um governo corrupto e incompetente e um governo com corruptos – e como eles devem ser tratados. Então, segundo as pesquisas, descontadas a torcida e as mensagens do além, o que Lula tem hoje para ganhar a eleição de outubro? O que teve em 1989, 1995 e 1998... e não ganhou a eleição. [ruinogueira@primeiraleitura.com.br ] |
Entrevista:O Estado inteligente
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sábado, maio 13, 2006
Lula, Alckmin, as pesquisas e o teto maldito Por Rui Nogueira
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