Entrevista:O Estado inteligente

segunda-feira, junho 06, 2005

VERGONHA SOCIAL-folha de s paulo editorial


Estudos divulgados pelo Ipea (Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada), órgão ligado ao Ministério do Planejamento, revelam as péssimas condições sociais do país. De acordo com o "Radar Social", uma iniciativa para acompanhar o desenvolvimento social do país, o Brasil tem uma das piores distribuições de renda do mundo: menos de 1% dos brasileiros mais ricos detêm parcela de renda semelhante à de metade dos brasileiros mais pobres. O número de pobres, com renda abaixo de meio salário mínimo, atingiu a cifra de 53,9 milhões de pessoas em 2003. Desses, 21,9 milhões seriam indigentes.
Os brasileiros vivendo em favelas ou em assentamentos são 6,6 milhões. O analfabetismo ainda alcança 11,6% da população. Os homicídios se tornaram a principal causa de morte entre homens de 15 a 39 anos, configurando um dos mais graves problemas na área de segurança.
Infelizmente, as principais iniciativas do governo para combater os maiores problemas sociais do país estão praticamente paralisadas.
Pesquisa no Siafi (sistema de acompanhamento de gastos da União) mostrou que dos recursos alocados para o programa Saneamento Ambiental Urbano apenas 0,75% havia sido desembolsado até meados de maio. A situação é a mesma, com mínimas variações, no programa Habitação de Interesse Social, no Brasil Alfabetizado e na Educação de Jovens e Adultos.
O Sistema Único de Segurança Pública gastou neste ano apenas 1,83% dos recursos autorizados. Também o Primeiro Emprego "não deslanchou" -nas palavras do ministro Paulo Bernardo, do Planejamento. Apenas as políticas de acesso ao crédito, como os empréstimos consignados, mostram algum dinamismo.
O quadro é desolador. A desigualdade não retrocede, a economia cresce abaixo da média de países equivalentes e muitos indicadores sociais são vergonhosos -sem que se vislumbrem perspectivas de mudança.

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