Entrevista:O Estado inteligente

sexta-feira, junho 03, 2005

Em depoimento à PF, ex-presidente do IRB diz que desconhece as mesadas para PTB

O economista Lídio Duarte, ex-presidente do Instituto de Resseguros do Brasil (IRB), prestou depoimento à Polícia Federal, nesta quinta-feira, sobre as denúncias de irregularidades no órgão. Lídio não quis dar entrevista, mas seu advogado José Araújo de Almeida disse que ele negou que tenha deixado o IRB depois de se recusar a pagar uma mesada de 400.000 reais ao PTB. Segundo o advogado, Lídio Duarte desconhece esse suposto esquema de propina no IRB, denunciado por VEJA na edição de 25 de maio. "Não houve essa tentativa de retirar mesada até por que não há como fazer isso", afirmou Almeida, em entrevista ao site do jornal O Globo. O advogado disse ainda que Lídio negou que tenha qualquer relação com o presidente do PTB, Roberto Jefferson.

O advogado disse que seu cliente não deu entrevista a VEJA e que as denúncias publicadas pela revista na semana passada não são verdadeiras. "É uma fantasia", disse o advogado. Almeida afirmou ainda que Lídio mantinha apenas relações comerciais com Henrique Brandão, um dos donos da corretora Assurrê. A reportagem de VEJA apurou que Brandão era o intermediário da pressão do PTB sobre o ex-presidente do IRB. As informações que VEJA publicou foram contadas por Lídio Duarte em entrevista gravada - cujos trechos podem ser lidos no quadro cinza em destaque.

A Polícia Federal deve ouvir também nos próximos dias Henrique Brandão. No decorrer das investigações, a PF poderá chamar para depor também Marcus Vinícius Ferreira, um dos assessores da Eletronuclear e genro do presidente do PTB, Roberto Jefferson. Em depoimento ao Ministério Público, Jefferson disse que o genro trabalhou com Brandão na Assurrê e que teve vários contatos com Maurício Marinho, ex-chefe do Departamento de Contratação dos Correios afastado do cargo após ser flagrado em um vídeo recebendo suposta propina.

VEJA – A reportagem de VEJA publicada na edição de 25 de maio revela que, o então presidente do IRB, o economista Lídio Duarte, funcionário de carreira da estatal, entregou sua carta de demissão ao Ministério da Fazenda havia dois meses. Na época, divulgou-se que ele se demitira por discordar da intenção do governo de privatizar o IRB, uma estatal fundada em 1939 e inteiramente fora de moda no mundo globalizado de hoje.

O motivo da demissão, porém, era apenas uma desculpa pública. Na verdade, Lídio Duarte vinha travando uma batalha surda com o PTB, partido ao qual, no loteamento de cargos do governo Lula, coube o comando do IRB. E a batalha surda tinha um motivo bem mais grave do que a discordância a respeito da privatização: Lídio Duarte vinha sendo pressionado a entregar 400.000 reais ao PTB todos os meses.

Isso: 400.000 reais mensais. A idéia era que, com uma mesada desse tamanho, ao fim de um ano, as falcatruas no IRB tivessem rendido ao caixa do PTB perto de 5 milhões de reais. Antes de deixar o cargo, em março passado, Lídio Duarte contou a um graduado servidor público os problemas que vinha enfrentando por se negar a produzir a mesada de 400.000 reais via operações administrativas irregulares.

O economista Lídio Duarte chegou à presidência do IRB por indicação de José Carlos Martinez, que comandava o PTB quando morreu num acidente aéreo, em outubro de 2003. Depois da morte de Martinez, Duarte permaneceu no cargo, mas o deputado Roberto Jefferson, que assumiu a presidência do PTB no lugar do correligionário falecido, fez questão de estender seus domínios sobre o IRB.

Henrique Brandão, um corretor de seguros que costumava circular pelos corredores da estatal, passou a fazê-lo investido da autoridade de quem é velho amigo do deputado Roberto Jefferson. Certo dia, Brandão entrou no gabinete de Lídio Duarte e, sem meias palavras, disse que a partir daquela data sua gestão precisava render 400.000 reais ao PTB.

Lídio Duarte procurou o deputado Roberto Jefferson, presidente do PTB. Na conversa, Jefferson não deixou dúvidas: disse que era amigo de Henrique Brandão havia mais de trinta anos, repetiu que as despesas do partido eram altas e que precisava da colaboração financeira dos dirigentes de estatais indicados para seus cargos pelo PTB.

Trechos em áudio da entrevista
dada por Lídio Duarte a VEJA

A mesada de 400.000 reais ao PTB
Trecho 1
Trecho 2

Como eram as reuniões de cobrança

A atuação de Roberto Jefferson e
Henrique Brandão


Os "pedidos de acordos"


Trechos em áudio de denúncias
sobre o Ibama

Liberação de caminhão

Automóvel como pagamento

Compra de plantonistas

Cobrança de depósito

Ostentação de riqueza

Cobrança de depósito

Tentativa de liberar uma carreta carregada de madeira


veja

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