Entrevista:O Estado inteligente

sexta-feira, junho 17, 2005

CLÓVIS ROSSI :Sai Dirceu, entra PMDB, crise fica

folha des paulo
 SÃO PAULO - A saída de José Dirceu da Casa Civil não é um problema para o governo (nem uma solução), mas pode ser um problema para o PT e para as relações entre o partido e o governo.
Explico: como coordenador político, Dirceu não deu lá muito certo, a ponto de legar um governo que é o mais desconjuntado politicamente dos últimos muitos anos. Como gerente do governo idem: pode-se fazer o elogio que se quiser ao governo Lula, mas não conheço ninguém, nem o próprio Lula, que diga que se trata de uma máquina azeitada.
Portanto não é por aí o problema. Até é, é só minha opinião. Mas gente do próprio Palácio do Planalto compartilha a tese sobre o relacionamento PT/governo, que tem a ver com o simbolismo que Dirceu carrega: encarnação do PT, do velho PT, não o "new PT", cuja figura emblemática chama-se Antonio Palocci.
Dependendo da carga de mágoa com que Dirceu voltar ao Congresso, contaminará a bancada do partido, que, é sempre bom lembrar, é a maior da Câmara. Ou, posto de outra forma: o governo poderá rearranjar sua base parlamentar ao custo de desarrumar de vez a relação com o PT, o que, como é óbvio, dará muita alegria aos que ainda hoje chamam os petistas de bolcheviques, com todo o ranço com que parte das elites sempre encarou o partido.
Mas dar alegria ao próprio governo é outra história.
As análises disponíveis no Planalto, a aritmética e um antecedente recentíssimo apontam para o PMDB como novo parceiro preferencial do governo. A aritmética: só o PMDB tem número de parlamentares suficientes para devolver maioria ao governo, sem a qual Lula se "sarneyza" até o fim do mandato. Ficará só tocando o expediente. O antecedente: a aliança de anteontem para eleger o comando da CPI dos Correios.
O problema é que, ter o PMDB como única saída para a crise, é correr tantos riscos como aliar-se com o PTB de Roberto Jefferson.

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