Entrevista:O Estado inteligente

domingo, julho 20, 2008

O Poderoso Chefão.

Por Jorge Serrão

Julho 16, 2008



Tudo volta à tranqüilidade na casa da mãe guerrilheira. A equipe do chefão Lula intensificou ontem, nos bastidores e fora dele, a Operação Faxina, na tentativa de desvincular o desgoverno do escândalo do DVD (Daniel Valente Dantas). O escândalo já está tecnicamente abafado. Lula saiu ileso da crise que mais se aproximou do Palácio do Planalto. Sobreviverá, como pode, até 2010, apenas administrando a perda do apoio externo dos banqueiros internacionais – cujos agentes de inteligência deixaram vazar várias provas e conversas gravadas sobre o affair Dantas. Tudo já foi, devidamente, para o lixo. Da história.

Três delegados responsáveis pela Operação Satyagraha deixaram as investigações. Ou melhor, foram deixados à própria sorte, porque cumpriram seu dever de investigadores e pegaram alguns dos mais poderosos da República Sindicalista e dos Banqueiros. Apenas por mera coincidência, a queda dos três aconteceu no mesmo dia em que ocorreu uma esdrúxula reunião (para quê?) entre Lula, o presidente do STF, Gilmar Mendes, o ministro da Justiça, Tarso Genro, e o ministro da Defesa (ex-presidente do STF e ex-ministro da Justiça), Nelson Jobim.

O próximo passo explícito da faxina é tornar ilegal a atuação da Agência Brasileira de Inteligência nas investigações – o que anularia várias provas contra a turma do Opportunity. Ontem, o comando da PF considerou insubordinação o fato de Protógenes, sem consulta a seus superiores, ter convocado agentes da Abin para vigiar suspeitos. Descredenciando tais provas, a operação faxina facilitará a estratégia de defesa de Daniel Dantas e demais enrolados na Satyagraha. Além disso, existe o risco de que vários documentos comprometedores a "autoridades" desapareçam do processo.

Alegue o que quiser o desgoverno, os delegados foram afastados por "pressões políticas" desde que um dos grampos envolveu os santos nomes do chefe de gabinete da Presidência, Gilberto Carvalho, e do advogado, ex-deputado e alto dirigente petista Luiz Eduardo Greenhalgh - contratado por Daniel Daniel Dantas como "consultor", porém famoso por obter, na Comissão de Anistia do Ministério da Justiça, muitas indenizações milionárias da chamada "bolsa-ditadura" (reparações para os esquerdistas que se dizem vítimas do regime militar pós-64).

A revelação dos telefonemas entre os dois configura prática explícita de tráfico de influência. Na sua operação faxina, o desgoverno Lula tenta esconder este crime mais que comprovado por escutar legalmente obtidas pela Polícia Federal. Gilberto Carvalho e Greenhalgh também são figuras de ponta do até hoje inexplicado assassinato de Celso Daniel, ex-prefeito de Santo André, antecessor de Antônio Palocci Filho no comando da estratégia financeira petista.

Outra grande figura petista é acusada de envolvimento com DVD. Vazaram os dados de orrespondências entre executivos da Brasil Telecom. Os documentos revelam que o deputado José Eduardo Cardozo (SP), secretário-geral do PT, usou privilégios do mandato para defender interesses de Daniel Dantas. Ajudado pela BrT, Cardozo pediu em 2003 ao Ministério Público ações contra a venda da CRT, alegando que a BrT pagara mais. Cardozo alega ter atuado em favor dos fundos de pensão estatais, acionistas da BrT. O problema é que os fundos têm em seu comando sindicalistas ligados ao PT.

O banqueiro DVD vai depor hoje na Superintendência da Polícia Federal. Tudo indica que vai entrar mudo e sair calado. O advogado Nélio Machado já antecipou que Daniel Valente Dantas só vai responder a "questões plausíveis". Ou seja, só vai declarar aos federais o que for conveniente. Seu silêncio lhe oferece mais um risco. Dantas pode receber nova ordem de prisão. Agora sob acusação de obstrução do trabalho da Polícia e da Justiça. Será que o poderoso banqueiro do Opportunity vai dar mais trabalho ao ministro Gilmar Mendes, que será acionado para soltá-lo pela terceira vez?

Livre e solto por enquanto, DVD continua com seu passaporte. Há quem jure que, a partir de quinta-feira, ele suma do mapa. Dantas comemora a retirada forçada das investigações dos delegados Protógenes Queiroz, Karina Souza e Carlos Eduardo Pelegrini. Procuradores e Juízes comentam, nos bastidores, que os três foram estrategicamente afastados. A assessoria de imprensa da PF nega que a saída de Protógenes tenha qualquer relação com os embates entre eles e seus chefes imediatos ou com as críticas do presidente do Supremo Tribunal Federal sobre a operação que pegou a turma do DVD.

O ministro Tarso Genro, depois da estranha reunião no Palácio do Planalto, alegou que a saída do delegado já estava prevista e que não foi política: "É uma questão de rotina que cabe ao Departamento (de Polícia Federal) informar e eu fui informado. O inquérito está 99,9% terminado". A assessoria de imprensa da PF contra-informou que Queiroz pediu para deixar o inquérito para fazer um curso de especialização da Academia Nacional de Polícia, em Brasília, a partir da próxima semana. O curso, que tem duração de 30 dias, é uma exigência para a promoção de delegados com dez anos de profissão à "classe especial", último estágio na carreira dentro da Polícia Federal.

Tarso Genro também justificou as providenciais férias de 15 dias do Diretor-Geral da PF, Luiz Fernando Corrêa, neste momento de alta tensão: "Trata-se realmente de coincidência. As férias já estavam marcadas há muito tempo e eu inclusive disse que ele não mudasse, porque não havia nenhuma divergência, nenhuma instabilidade crítica e nenhum problema que justificasse um adiamento. Segundo, o seu substituto, o delegado Romero (do Corrêa), é tão competente, tão qualificado e tão responsável quanto ele".

DVDs do DVD vão sumir?

Policiais federais descobriram uma parede falsa na cobertura de Daniel Dantas, em Ipanema.

Nela havia documentos secretos gravados em CDs e DVDs que comprometeriam figuras poderosas da República.

Nos bastidores dos podres poderes de Brasília, ontem, dava-as como pule de 10 que a muitos dos tais CDs e DVDs vão desaparecer misteriosamente e não serão usados no processo.

O que se poderia esperar de um escândalo que envolve 70% do senado, quase todos os ministérios e muitas grandes figuras dos três poderes da República?
Quem viver verá....

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