Entrevista:O Estado inteligente

domingo, julho 06, 2008

DANUZA LEÃO É preciso ir mais longe



Alguém já viu bêbado dizer "por favor, me chame um táxi porque não está dando para eu levar meu carro"?

TODO O APOIO à lei que pune motoristas que dirigem após haverem bebido. Mas existem outras providências que também deveriam ser tomadas e que seriam importantes para evitar que tragédias aconteçam.
A toda hora se lê nos jornais acidentes que ocorrem, freqüentemente, na madrugada, e freqüentemente com jovens, quando voltam das baladas. Sejamos realistas: ninguém espera de um garotão que vai a uma casa noturna que ele tome um suco. É no mínimo uma cervejinha, e dependendo do tempo que durar a noite, três, quatro, cinco. Esses garotos que freqüentam a noite costumam ser de classe mais alta, e muitos têm carro. Têm carro e dificilmente vão de ônibus para a balada, e sinceramente não conheço nenhum grupo de jovens que siga o exemplo americano: do grupo, um é escolhido para não beber e dirigir na volta. Isso, pelo menos por aqui, não existe -pelo menos eu não conheço, e se alguém me contar, não acredito. Além disso, a pessoa que bebe tem a total certeza de que é capaz de dirigir -e é aí que mora o perigo. Alguém já viu algum bêbado dizer "por favor, me chame um táxi porque não está dando para eu levar meu carro"? Muito pelo contrário: já cansei de ver discussões de pessoas em estado de total embriaguez brigando porque alguém disse que ele não estava em condições de dirigir.
As boates que esses jovens freqüentam são conhecidas por todo mundo, sobretudo pelas autoridades. Se houvesse alguns carros de polícia fazendo uma ronda por esses locais, poderiam, na hora em que esses freqüentadores estivessem saindo, saber quem passou da conta na bebida, sem nem ao menos precisar do bafômetro. Essa vigilância evitaria as blitzes, tantas vezes inúteis, com os carros da polícia correndo atrás de quem parece estar dirigindo perigosamente.
E tem as raves; não consigo entender como elas são permitidas. Alguém aluga um sítio meio fora da cidade, rola o boca a boca e a garotada vai, já sabendo que vão durar no mínimo 12 horas, mas que podem ir até 24, com um som enlouquecedor; e depois ainda tem o "after party", já para uma turma mais seleta, digamos assim. E voltam para casa em que estado? À custa de que bebida ou droga conseguiram ficar tantas horas acordados? E haveria algum de plantão, sóbrio, para levar a galera para casa?
Esta semana morreu um garoto de 18 anos que foi a uma casa noturna do Rio com amigos. O acusado é um policial que fazia a segurança do filho de uma promotora. E se esse segurança estava armado, é porque conhecia o lugar e sabia dos perigos que lá poderiam ocorrer.
Poucos jovens pensam nos perigos que correm, dirigindo depois de beber. Mas tenho vários amigos, já não tão jovens, que agora, quando saem para jantar fora e sabem que vão tomar seu vinho ou suas caipirinhas, vão de táxi. No mínimo para não passar pelo vexame de ver sua cara estampada no jornal por ter dirigido embriagado.
Vamos lá, autoridades; polícia na porta das boates, dos barzinhos, nos lugares onde se vai para beber. E umas horas na delegacia, até passar o efeito da bebida, com um bom sermão do delegado, para que tenham consciência do risco que correm -e que fazem os outros correr.

danuza.leao@uol.com.br

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