Entrevista:O Estado inteligente

quinta-feira, julho 10, 2008

Clóvis Rossi - Clima, preços e realismo




Folha de S. Paulo
10/7/2008

Coube ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva injetar uma certa dose de realismo na reunião de cúpula entre o G5 (Brasil, China, Índia, África do Sul e México) e o G8, o exclusivo clubão dos sete países mais ricos do mundo e a Rússia.
Começou lendo tabela sobre quanto cada país relevante emite de CO2 (gás carbônico), um dos gases que causam o efeito estufa e, por extensão, o aquecimento global, o grande fantasma para o futuro do planeta.
E terminou pondo na sala de debates a palavra "especulação" para se referir a uma das causas da disparada de preços do petróleo e dos alimentos, o grande fantasma no presente do planeta.
Não que a tabela que Lula leu seja novidade. Os dados são de 2005.
Foram coletados por um instituto norte-americano de energia, o que retira da iniciativa do presidente uma eventual suspeita de que estivesse querendo proteger o Brasil.
Os EUA são, sabidamente, o maior emissor de gases, o que o levantamento confirma.
Até agora, no entanto, países ricos e pobres ficavam discutindo o fantasma na base de "se você fizer, eu faço. Se não, nada feito". E nada se fazia mesmo. Agora, diz Lula, deve-se armar uma "base numérica real" a partir da qual formular cursos de ação.
Quanto à especulação, é uma palavra quase tabu na mesa dos grandes. Tanto que, na cúpula do G8 de 2007, Angela Merkel, a chanceler alemã, queria que o G8 adotasse uma regulação mais rígida e um código de conduta (voluntário) para os agentes dos mercados financeiros. Foi derrotada e o assunto sumiu da agenda.
Lula (e também o presidente mexicano Felipe Calderón) o recolocou ontem. Como seus discursos serão (ou não) aceitos dirá muito sobre a perspectiva de uma efetiva mudança (ou não) na diretoria econômica do planeta.

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