Entrevista:O Estado inteligente

sábado, junho 07, 2008

VEJA Carta ao leitor


Nós e eles

Time&Life Picture/Getty Images
Eisenhower é recebido com chuva de papel picado 
no Rio de Janeiro em 1960

Sempre que se aproxima a troca de presidente nos Estados Unidos, os analistas põem-se a especular se determinado candidato será melhor ou pior para o Brasil. Não foi diferente na semana passada, com a definição do senador negro Barack Obama como o opositor democrata do senador John McCain, do Partido Republicano, nas eleições presidenciais de novembro próximo. Com um pouco de distanciamento cínico, pode-se afirmar que, seja quem for o escolhido, ele será melhor para os americanos, para os brasileiros e para todos os cidadãos do mundo do que vem sendo George W. Bush. Mas não é esse o caso. Aqui se trata de imaginar que impacto para os interesses regionais e globais do Brasil terá a presença de Obama ou de McCain na Casa Branca a partir de 2009.

A boa notícia é que, desta vez, essa questão se coloca de maneira bem menos aguda do que em sucessões americanas passadas. Não importa o nome do próximo presidente dos Estados Unidos, o Brasil continuará tendo de avançar por seus próprios méritos e pelos acertos das pessoas, dos empresários e dos governos. Uma reportagem desta edição de VEJA, ao mesmo tempo que faz uma radiografia do fenômeno Obama, analisa as posições relativas entre os dois países. A conclusão é que a globalização criou uma interdependência econômica tal que quebrou os padrões materiais, culturais e mentais que, por gerações, nos obrigaram a ver nossas relações com os Estados Unidos em preto-e-branco. As cabeças pensantes se dividiam entre quem via os americanos como a salvação e quem divisava neles apenas predadores coloniais. Quando o então presidente Dwight "Ike" Eisenhower visitou o Brasil em 1960, foi recepcionado com uma chuva de papel picado ao desfilar em carro aberto pelas avenidas do Rio de Janeiro. A comitiva passou antes por muros pichados com "Ike, go home". Hoje, felizmente, com Obama ou com McCain, os tempos da dependência real e imaginária dos humores de Washington viraram coisa do passado.

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