Entrevista:O Estado inteligente

sábado, junho 21, 2008

DÉBORA THOMÉ Energia do vento

Atualmente, do vento, é produzida energia para 1,3% do consumo mundial. São quase 100.000 MW de capacidade instalada de energia eólica; mais da metade em Alemanha, Estados Unidos e Espanha.
No Brasil, apesar do Proinfa, que buscava incentivar fontes alternativas, apenas 0,1% da energia gerada no último ano foi eólica. Até abril, só um terço dos 3,3 mil MW contratados entrou em operação.

No fim deste ano, o Proinfa deve terminar. Ninguém sabe se seguirá havendo programas de incentivo às fontes alternativas PCH, biomassa e eólica. O que se sabe é que seu sucesso foi pequeno perto do que se esperava.
Até 2006, o Brasil estava entre os 20 maiores geradores de energia eólica. Porém, ele não tem avançado como os demais países. Tanto que, em 2007, com um crescimento diminuto de apenas 4,3%, caiu para 25º A energia eólica ainda é cara. Custa cerca de R$ 220 o MW/h. Apesar de não ter gasto com combustível (afinal vento é de graça), ela exige um enorme investimento.
Um exemplo: uma usina com capacidade de 25 MW, que está sendo instalada em Pernambuco, vai custar R$ 110 milhões.
Mesmo exigindo tamanho investimento, a fonte é muito interessante para o Brasil como complementar, dadas algumas características do país. E, claro, considerando que ela é muito menos danosa ao meio ambiente.

— É um substituto único.

Aqui é um canto do planeta em que há perfeito encaixe com o período de menor fornecimento das hidrelétricas — diz Everaldo Feitosa, vicepresidente da Associação Mundial de Energia Eólica.
É isso que mostra o gráfico abaixo. O consultor Adriano Pires, do CBIE, também vê vantagens na energia eólica, mas, fazendo as contas — sem considerar a questão ambiental — ele indica que o custo da eólica ainda está em US$ 2.750 por KW, enquanto o da térmica a carvão é de US$ 1.600.
O Greenpeace fez um relatório sobre “os caminhos da sustentabilidade energética” no país. No trabalho, avaliaram os resultados do Proinfa, observando o que deu certo e o que não funcionou.
Um dos aspectos para que eles chamaram a atenção foi a queixa dos investidores para o fato de o valor de compra dessa energia no leilão ter ficado muito abaixo do que poderia viabilizála. É sabido, em qualquer lugar do mundo, que fontes alternativas, como a eólica, costumam ter um preço maior que as demais.
Ainda assim, muitos países optam por elas como forma de reduzir as emissões. Outro obstáculo apontado foi a dificuldade de cumprir a obrigação de 60% de nacionalização dos componentes para as centrais eólicas.
Segundo o Greenpeace, no fim das contas, da energia do Proinfa, 28% serão eólicas. A metade será PCH e 21% biomassa.
A ONG defende para o Brasil políticas de incentivo, nos moldes das que existem na Alemanha, na Espanha e na China: “É necessária uma estrutura regulatória que deve contar com incentivos fiscais e leis locais que criem condições favoráveis ao estabelecimento de fabricantes de turbinas eólicas. O desenvolvimento da pesquisa e inovação tecnológica é de grande importância. Cada sítio de ventos exige a confecção de turbinas adaptadas às condições locais”, diz o documento.
No mundo, a capacidade instalada de energia eólica cresce 30% ao ano. Em alguns países, do vento, chegam a vir 40% da energia. Não resta dúvida de que, aqui também, há condições para essa ser uma excelente fonte complementar. Bem melhor fazer projetos nessa direção que na das ultrapassadas térmicas a carvão e a óleo.

Para terminar: o sonho do emprego público
Um panfleto de cursinho, desses distribuídos na rua, anunciava, estampando uma foto do presidente Lula, que “nunca na história desse país houve tanta vaga com tanto salário alto na segurança”. Considerando as médias brasileiras, não há como não se espantar com o absurdo de um salário, anunciado ali, de R$ 5.815 para a PRF, exigindo apenas nível médio.
Realmente, os dados gerais mostram que, nos últimos cinco anos, o que se viu foi uma contratação de mais de 215.000 novos servidores. E os salários de funcionários públicos tiveram reajustes acima da inflação.
Diante da maravilha anunciada de estabilidade de emprego e salários altos, os cursinhos se tornaram um grande negócio. O professor de Finanças do Ibmec-RJ Gilberto Braga fez o seguinte levantamento. Segundo ele: l Calcula-se que cerca de 400.000 pessoas por ano façam algum tipo de curso preparatório para concurso.
O prazo de preparação varia entre 12 e 24 meses.
O valor de uma mensalidade muda de acordo com cargo e formação exigida. Os concursos para fiscais, magistratura, procuradoria, defensoria pública são os mais caros.
Dado tudo isso, os cursinhos preparatórios movimentam aproximadamente R$ 1 bilhão por ano; ou mais.

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