Entrevista:O Estado inteligente

sábado, junho 21, 2008

CLÓVIS ROSSI Não há arroz para todos

SÃO PAULO - Está certo o presidente Luiz Inácio Lula da Silva ao pedir o aumento da produção de alimentos como arma de combate à alta de preços, que afeta principalmente a comida.
Mas sugiro que o presidente ouça um dos mais lúcidos executivos brasileiros, aliás seu interlocutor eventual, cujo nome sou obrigado a preservar, porque nossa conversa foi informal.
O ponto central de sua análise é o que dá título à coluna. Arroz é usado como símbolo. Não é só arroz que não há para todos. Uma porção de outros alimentos também não há. Sem falar em petróleo.
Como China, principalmente, e Índia resolveram adotar o padrão ocidental de consumo, ficou claro o que pensadores alternativos vinham dizendo faz tempo, mas ninguém lhes dava muita atenção, porque se impôs a ditadura do pensamento único, que marginaliza vozes discordantes: o padrão de consumo do mundo rico, se copiado, leva fatalmente a que não caibamos todos no planeta Terra.
A disparada de preços do arroz (para ficar só nesse símbolo) é a manifestação da escassez (ou do crescimento maior da demanda do que da produção). O preço alto é a forma de tirar o arroz da boca de quem não tem tanto dinheiro. Força inexoravelmente a redução do consumo.
No caso do Brasil, menos afetado pela chamada "agflação", vai-se chegar ao mesmo resultado, via encarecimento dos preços, inclusive e principalmente do preço do dinheiro, diz o executivo.
Quanto à inflação, ele lembra um detalhe até agora fora do foco: para 2009, já está contratada elevação de preços administrados (serviços públicos, privatizados ou não). Porque são reajustados pelo IGPM, que, do ano passado para este, deu um salto de ao menos 30%.
Temo, por isso, que aumentar a produção, por boa idéia que seja, é insuficiente e/ou tardia.

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