Entrevista:O Estado inteligente

segunda-feira, novembro 12, 2007

Escassez de gás vai até ano de 2011

Energia

11 de Novembro de 2007 | 08:24

O Brasil deverá enfrentar um quadro de escassez de gás natural liquefeito (GNL) até 2011, quando entram em operação os campos de Mexilhão, na Bacia de Santos, e os complexos Peroá-Cangoá e Golfinho, no Espírito Santo. Todos os projetos dependem da conclusão de gasodutos para abastecer o mercado.

Até lá, portanto, o Brasil deve viver sob um regime de limitação de consumo. Isso porque o país não é prioridade número 1 da Bolívia, nosso principal fornecedor. Diante desse quadro, especialistas alertam para a repetição de sustos como o da semana passada, quando a Petrobras reduziu as entregas de gás às distribuidoras do Rio e São Paulo.

"Até 2011, teremos de viver como equilibristas de circo", afirmou o consultor Adriano Pires, do Centro Brasileiro de Infra-Estrutura (CBIE), segundo reportagem no jornal O Estado de S. Paulo deste domingo. Ele alerta para o risco de repetição da crise de abastecimento de gás já em abril de 2008, caso as chuvas de verão não sejam suficientes para elevar substancialmente o nível dos reservatórios das hidrelétricas. Se não chover bem, o preço da energia sobe e as térmicas voltam a ser acionadas.

Petrobras – Apesar disso, a Petrobras tenta afastar a hipótese de uma apagão na área. "Não existe crise. Não uso a expressão crise de gás porque não existe", afirmou a diretora de Gás e Energia da estatal, Maria das Graças Foster. Ela assumiu o cargo há pouco mais de um mês, substituindo Ildo Sauer, severo crítico da política energética do governo.

O campo de extração de gás de Mexilhão foi anunciado em 2004 e teria reservas estimadas em 420 bilhões de metros cúbicos; porém, as expectativas não se confirmaram e atualmente sabe-se que ele deve reunir apenas 280 bilhões e só deverá começar a funcionar em 2009. "A estimativa de produção é de 9 milhões de metros cúbicos por dia a partir de 2009, podendo chegar à previsão inicial de 15 milhões", explicou Francisco Nepomuceno, gerente-executivo de Exploração e Produção da Petrobras.

Já o bloco de Tupi – cujo grande potencial foi confirmado esta semana – pode chegar a 8 bilhões de barris de óleo equivalente (somado ao gás), mas deverá produzir a partir de 2013. Além disso, trata-se de um grande reservatório de petróleo com pouco gás, que, na opinião de especialistas, deve ser usado para abastecer as plataformas e ampliar a pressão dos reservatórios.

A Petrobras corre para inaugurar o primeiro terminal de GNL, com capacidade de 7 milhões de metros cúbicos por dia, ainda no primeiro semestre de 2008, o que contribuiria para aliviar a escassez de gás. Mas há ceticismo no mercado quanto à possibilidade de se encontrar o combustível por bons preços no mercado mundial, uma vez que a demanda por energia é crescente.

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