Lauro Jardim
E-mail: ljardim@abril.com.br
• GOVERNO
Procura-se um ministro
Lula decidiu nomear um novo ministro de Minas e Energia, antes da votação da CPMF. Concluiu o óbvio: não dá para reconduzir o encrencado Silas Rondeau ao posto nem efetivar o interino, Nelson Hubner. Já avisou a alguns interlocutores que nos próximos dias começa a negociar a indicação do nome com a bancada do PMDB no Senado – ou seja, José Sarney e Romero Jucá.
Chega de ministério
Está prevista para os próximos dias a conversa entre Lula e Gilberto Gil, em que o ministro da Cultura dirá, mais uma vez, ao presidente que quer cair fora. Na semana passada, diante de sua mulher, Flora, Gil disse a um interlocutor: "Quero voltar a acordar tarde e dormir sem tantos problemas na cabeça".
Lula quer falar
Lula dará entrevista às redes de TV na quarta-feira. E sua assessoria estuda uma nova entrevista coletiva de fim de ano em meados de dezembro.
Preconceito de classe
A classe média continua sendo o calo na popularidade de Lula. As pesquisas que o governo tem em mãos mostram que ela resiste ao discurso lulista. O Planalto não se conforma com a falta de unanimidade. Atribui essa insatisfação a dois fatores. Em primeiro lugar, a classe média ainda não teria se dado conta de que também está ganhando com o crescimento do país. Por isso, as campanhas publicitárias do governo baterão mais e mais nessa tecla. Até aí, o.k. O problema é o suposto segundo motivo para o nariz torcido: segundo assessores graduados de Lula, por puro preconceito a classe média "tradicional" estaria incomodada com a classe média "emergente", surgida neste governo. Isso explica a demagógica frase que Lula disse dias atrás: "Toda vez que a gente tenta ajudar os pobres aparece uma ciumeira". |
• BAHIA
Paz no clã
Guilherme Laager, ex-presidente da Varig e ex-diretor da Vale e da AmBev, foi escolhido pelos herdeiros de ACM para ser o superintendente dos negócios do clã – que incluem um jornal, rádios e a TV Bahia, retransmissora da Globo. Desde a morte de ACM, havia uma guerra surda na família pela hegemonia na administração das empresas. Agora, decidiu-se profissionalizar e tirar a família das empresas.
• BRASIL
Zuleido voltou
Na semana passada, Zuleido Veras, o "Charles Bronson" paraibano, circulou por alguns gabinetes de Brasília – sempre ao lado de sua inseparável mala 007. Na quinta-feira, aparentemente satisfeito com a garimpagem, deixou a capital federal.
A bancada do Kakay
Sabe quantos senadores são clientes do advogado brasiliense Antônio Carlos de Almeida Castro, o Kakay? Doze. É uma bancada semelhante à dos grandes partidos. Só perde para as do PMDB e do DEM.
Só daqui a 215 anos
O saneamento básico é um problema que já deveria ter sido resolvido no século passado, mas afetará o Brasil no próximo século – se for mantido o ritmo atual, a universalização do acesso só acontecerá no ano de 2222. A revelação, chocante, consta de um detalhado estudo que será lançado pela FGV/RJ nos próximos dias. Hoje, 47% dos brasileiros não têm acesso ao saneamento básico. Entre os dados regionais, impressiona, por exemplo, saber que 85% do esgoto do Rio Grande do Sul não é tratado.
• AVIAÇÃO
Até quando?
Atenção, ministro Jobim: os controladores continuam operando para atrasar os vôos e atazanar a vida dos passageiros. Eles querem porque querem a desmilitarização da carreira. Mas o governo tirou o assunto de pauta.
Feliz ano novo? Ele está pessimista
Muito cuidado, investidores: 2008 não será essa beleza que foi 2007. A advertência é de Arminio Fraga, de olho atento na economia americana. "É uma crise séria. Haverá uma boa desacelerada na economia, que se estenderá por todo o 2008." E o Brasil? As conseqüências já mostram a sua cara. E a mais visível será o fim da farra de investimentos dos estrangeiros. Eles voltarão, por exemplo, a prestar mais atenção nos gastos públicos, um cuidado que foi deixado de lado na onda da recente exuberância de liquidez. |
• ECONOMIA
Longe, mas nem tanto
A compra da siderúrgica americana MacSteel pela Gerdau por 1,45 bilhão de dólares foi acompanhada passo a passo por Jorge Gerdau. Em janeiro, a Gerdau anunciou que o comando do grupo passara às mãos de André, filho de Jorge, que durante décadas foi o número 1 da siderúrgica. A participação direta de Jorge Gerdau é a prova de que a sucessão foi feita, mas a sua mão forte ainda dá o tom na empresa.
100 bilhões de dólares
O ano no Brasil fechará com um recorde de fusões e aquisições: 400 operações até agora, um total de quase 100 bilhões de dólares. Entre os bancos, há uma disputa cabeça a cabeça por esses negócios. O Citibank lidera o ranking: fechou 24 negócios, que somam 12,71 bilhões de dólares. No seu calcanhar estão o Credit Suisse (12,68 bilhões de dólares) e o Real (12,38 bilhões de dólares).
• FUTEBOL
Disputa feroz
O comitê executivo da Fifa reuniu-se em Zurique, duas semanas atrás, para tratar da Copa de... 2018. Veja só os países que demonstraram interesse, pedindo informações sobre as inscrições: EUA, China, Inglaterra, Rússia, Austrália, Canadá e Espanha. Como acabou o rodízio de continentes, todos esses podem se candidatar. Com essa turma o Brasil não teria fôlego nem para começar o jogo.
• INTERNET
Favela wi-fi
Em janeiro, um projeto piloto do Ministério das Comunicações levará o sinal de internet sem fio para as favelas de Belo Horizonte. Depois, mas ainda em 2008, o wi-fi se estenderá para as favelas cariocas e paulistanas.