Entrevista:O Estado inteligente

sábado, novembro 24, 2007

Fechado o restaurante do denunciante do mensalinho

Pintou sujeira!

Personagem do escândalo do mensalinho
tem o restaurante fechado por falta de higiene


Ricardo Brito


Ana Araujo
Sebastião Buani: "É pura perseguição"


O empresário Sebastião Buani teve seu minuto de fama há dois anos, quando confessou que pagava propina ao presidente da Câmara dos Deputados, Severino Cavalcanti, para manter seu restaurante funcionando dentro do Parlamento. Severino, que recebia um mensalinho de 10000 reais, renunciou à presidência. Buani perdeu a concessão e fechou seu restaurante. Corrupto e corruptor se candidataram nas eleições do ano passado. Severino teve 53000 votos, o que lhe garantiu a suplência e a possibilidade de assumir o mandato de deputado caso alguém da bancada pernambucana necessite se ausentar. Buani se saiu pior. Amargou os últimos lugares de sua coligação em Brasília, com apenas 803 votos. Na semana passada, o empresário reapareceu no papel de vilão. Um de seus restaurantes, o que funciona no Ministério da Fazenda, foi fechado pela Vigilância Sanitária por falta de higiene. Fiscais encontraram no estabelecimento facas, panelas e utensílios de cozinha enferrujados. Os funcionários se vestiam com roupas sujas e não tinham sequer sabonete para lavar as mãos. Havia alimentos estragados e com o prazo de validade vencido. Uma barata morta foi encontrada embaixo de um dos freezers.

"É pura perseguição", defendeu-se Buani, insinuando que os fiscais interditaram o restaurante em retaliação às denúncias que ele fez à época contra Severino Cavalcanti. É uma teoria sem sentido. Afinal, Buani, embora tenha assumido o papel de protagonista do escândalo que levou o deputado à renúncia, nunca foi o personagem central. O mensalinho foi descoberto graças a um ex-gerente do restaurante, que, demitido, decidiu revelar detalhes do que testemunhou durante vários meses. Buani só confirmou o pagamento de propina a Severino após ser confrontado com documentos que não deixavam dúvidas sobre o esquema. Depois disso, ele chorou, se disse vítima de extorsão e encarnou o papel de herói. O restaurante de Sebastião Buani serve 700 refeições por dia aos funcionários do Ministério da Fazenda. Antes da interdição, os fiscais já haviam notificado o estabelecimento sobre as irregularidades, mas nenhuma das recomendações feitas foi atendida. "As condições de higiene do local são péssimas", diz Ângela Cristina Amaral, chefe do Núcleo de Inspeção Sanitária e responsável pela fiscalização do restaurante. Fazia muito tempo que os funcionários do Ministério da Fazenda reclamavam do estabelecimento, que foi reaberto dois dias depois. O ministro Guido Mantega nunca almoçou por lá. Sorte dele. Buani mostrou que sujeira não é coisa só da política.

Arquivo do blog