Entrevista:O Estado inteligente

sexta-feira, novembro 23, 2007

FHC bateu no "apedeutismo". E fez muito bem.

A petralhada está que é puro assanhamento. E já acusa FHC de preconceito na Al Qaeda eletrônica. O seguinte trecho de uma reportagem da Folha Online explica o motivo. Leiam:

"Aqui [no PSDB] há acadêmicos, e não temos vergonha disso. [...] Faremos o possível e o impossível para que saibam [os brasileiros] falar bem a nossa língua. É por isso que em Minas Gerais o ensino passou para nove anos, e não quatro. Queremos brasileiros bem-educados, e não liderados por gente que despreza a educação, a começar pela própria." FHC disse que uma "elitizinha apressada se abotoou no poder", numa referência direta ao PT. "Somos gente que estuda e trabalha. Trabalha e estuda." Assim como o ex-presidente, o governador José Serra (SP) disse não acreditar no ‘estigma’ de que o PSDB elabora suas políticas voltado para as elites brasileiras. "Em São Paulo, fui eleito e ganhei em todas as regiões e estratos sociais. Minas teve perfil semelhante. O PSDB não é partido da elite. E como foi dito, é de gente que trabalha e estuda. Estuda e trabalha. Na opinião de FHC, ‘a nova força’ política do país organizada pelos tucanos só vai sair vencedora nas urnas se ‘além da unidade for capaz de falar com o povo brasileiro’. FHC reconheceu, também, que o PSDB terá que fechar um discurso único para convencer os eleitores a migrarem para o partido.”

Que coisa, não?

Lula vive ironizando FHC porque ele é um intelectual, professor universitário, sociólogo. E, ao agir assim, aproveita para fazer a apologia da ignorância, do “apedeutismo”. Verdade ou mentira? Mas aguardem: os setores golpistas da mídia — a sua fatia petralha — também ficarão ensandecidos.

Chegamos ao estágio em que chamar alguém de ignorante é uma grave ofensa, mas atacar um adversário porque ele é um intelectual, bem, isso é, sem dúvida, um gesto político “duzoprimido”. Aos meus leitores de sempre, não vai aqui nenhuma novidade: há um bom par de anos afirmo o óbvio. Lula não estudou porque não quis. Chegou à direção do sindicato aos 35 anos e, desde então, é sustentado pelo “movimento”. Jamais deixou de receber salário um miserável mês sequer — quando a companheirada arcava com o custo da greve, o seu estava reservado. Mesmo assim, recebe a bolsa-ditadura permanente.

Assim, esse burguês bem-sucedido não estudou porque não gosta, porque acha desnecessário, porque acredita na ignorância que liberta o homem. Foi o que disse FHC. “Ah, mas o ex-presidente não vai ser bem-compreendido; a frase será usada contra ele”. É possível. Usam contra FHC até a privatização mais bem-sucedida do mundo — a de telefonia. Usam contra FHC até o plano de estabilização econômica mais bem-sucedido do mundo, o Real. Por que não tentariam usar uma frase? Se ele cobrisse Lula de elogios, taambém usaria a fala contra ele.

Acho que é chegada a hora de acabar com esta besteira: “Ah, não falemos tal coisa, ou vão interpretar mal”. Interpretarão mal de qualquer jeito os que estiverem dispostos a interpretar mal. Então o negócio é largar o braço. É isso aí. O Brasil precisa de gente que trabalha e estuda. Que estuda e trabalha. O resto é mistificação barata.

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