Entrevista:O Estado inteligente

sábado, setembro 01, 2007

Reação à farsa

Enganados pelos asseclas de Renan sobre
a CPI contra a Abril, deputados protestam

Cristina Gallo/BG Press
Fabio Motta/AE
Gabeira (à esq.) e Itagiba: defesa da liberdade de imprensa

Como tem sido rotina nos últimos meses na vida do senador Renan Calheiros, a operação para montagem de uma CPI feita sob medida para retaliar o Grupo Abril, que edita VEJA, foi uma manobra estabanada. Na semana passada, ficaram evidentes os métodos utilizados na engenharia do pedido de CPI. Boa parte dos deputados que assinaram o documento foi informada de que se tratava apenas de uma comissão para investigar as concessões de emissoras de rádio e TV pela Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel). Simples – e mal-intencionado – assim. Não se fazia menção à associação entre a TVA, empresa de televisão por assinatura do Grupo Abril, e o Grupo Telefônica, aprovada pela Anatel depois de nove meses de análise. Sem alicerces sólidos – engenharia não é o forte de Renan, e sim de seus amigos –, o projeto de vingança política do senador começou a ruir. Vários deputados se voltaram contra o esquema assim que perceberam a farsa. "Não posso concordar com uma proposta de CPI que venha a ser desvirtuada para servir de instrumento de pressão política contra a liberdade de imprensa", afirmou em carta o deputado Marcelo Itagiba (PMDB-RJ), o primeiro a se manifestar publicamente sobre a manobra dos asseclas de Renan.

A ilegitimidade da proposta de CPI construída por Renan já era evidente por se tratar de uma intenção solerte de vingança. Ela ficou ainda mais nítida diante da precariedade das razões alegadas. O negócio entre a TVA e a Telefônica obedece rigorosamente à legislação e é igual a outros já aprovados recentemente. Agora, a casa caiu diante da farsa da proposta do requerimento. Na semana passada, o deputado Fernando Gabeira (PV-RJ) começou a articular uma retirada das assinaturas do documento. "Da forma desleal como essa CPI foi montada, ela não tem como ir adiante", diz Gabeira. "Depois que assinei é que vi que se tratava de uma CPI para prejudicar um órgão de imprensa", afirmou o deputado Ratinho Junior (PSC-PR). Jornais e entidades de classe também repudiaram a manobra (veja quadro abaixo). Renan, que não consegue se explicar no Senado e partiu para o ataque à imprensa, tenta, com sua manobra na Câmara, demolir um dos princípios da democracia.


(28 de agosto)
"Deixar prosperar essa idéia insana de Renan é colocar em risco o instrumento da comissão parlamentar de inquérito, desmoralizando-o, e agredir a imagem da própria Casa, que tanto precisa ser revitalizada."



(29 de agosto)
"Ele (Renan) ainda posa de vítima de uma armação da Editora Abril, que edita a VEJA, para encobrir supostas irregularidades na venda da TVA à Telefônica, numa grotesca insinuação de que a CPI para investigar o negócio que inventou agora, à guisa de retaliação, já era projeto seu antes da primeira denúncia da revista."


SOCIEDADE INTERAMERICANA DE IMPRENSA
(28 de agosto)
O Grupo Abril tem sofrido pressões políticas justamente quanto à parceria com a Telefônica, iniciada em outubro de 2006. A SIP gostaria de informar que acompanhará atentamente a investigação e seus resultados e que espera que não se violem princípios que poderiam prejudicar o livre fluxo informativo e o direito do público de receber informações.

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