Zuenir Ventura
Contrariando sua fama de mês do azar, por ter levado um presidente ao suicídio, Getulio Vargas, e outro à renúncia, Jânio Quadros, agosto terminou dando ao país pelo menos uma grande alegria política. A decisão do Supremo Tribunal Federal aceitando a denúncia contra os 40 mensaleiros vai ficar na História não só pelo ineditismo, mas também por ter produzido uma rara unanimidade de aprovação. Com a exceção dos poucos que se sentiram contrariados, todo mundo aplaudiu o resultado, e acho que nunca a tão mal amada Justiça foi tão bem falada. Há muito que não se via no jornal tantas cartas a favor.
Para o mês ser politicamente perfeito, faltou o Senado anunciar a cassação do mandato de Renan Calheiros.
Também era querer demais. Restou o consolo do relatório do Conselho de Ética assinado por dois membros (o terceiro, renanzista, fez o seu em separado de apoio ao chefão, claro) e apresentando oito razões para cassar o presidente da Casa.
Mesmo o ministro Ricardo Lewandowski, que fizera uma grave acusação, voltou atrás, diante da reação indignada de seus colegas, inclusive da presidente Ellen Gracie. Flagrado num telefonema dizendo que o STF “votou com a faca no pescoço” — a faca era da imprensa — ele deu entrevista tentando se explicar e alegando ter havido erro de interpretação de suas palavras.
Nem o clima tenso que o episódio provocou, fazendo lembrar o constrangimento de dias antes, com a revelação da troca de e-mails entre ministros, diminuiu o significado histórico do feito. É difícil, mas quem sabe o Senado não se inspira nesse exemplo que tanto sensibilizou o país? Nos cinco dias que mudaram a imagem do STF e a reputação de agosto, dois personagens disputaram, pelos seus desempenhos, a preferência dos observadores: o procurador-geral Antonio Fernando de Souza e o ministro relator. Por razões que se verá, não tive dúvidas em eleger o meu preferido.
Vendo pela tevê Joaquim Barbosa lendo o seu impecável relatório com saber e clareza, e muita dor nas costas, lembreime de ter sentido admiração igual ao assistir em 2000 na Cidade do Cabo, na África do Sul, a uma palestra de um desconhecido jurista que impressionara os seus pares presentes.
Não se podia nem dizer que os aplausos entusiasmados fossem devidos a qualquer discriminação positiva, porque a platéia em sua maioria era composta também de negros. Tratavase de um seminário sobre relações raciais em EUA, Brasil e África do Sul. O evento, aberto por Nelson Mandela — e só isso já constituía um espetáculo cívico — fora promovido pela ONG americana Southern Education Foundation. O conferencista era ninguém menos do que o hoje ministro Joaquim Barbosa. É por essas e outras que acho que o Brasil tem jeito. Basta inverter a proporção e botar no mundo mais Joaquins e menos Renans.
Entrevista:O Estado inteligente
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