editorial |
O Estado de S. Paulo |
19/9/2007 |
O Brasil que emerge da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad) relativa a 2006 é um país onde as condições de vida vêm melhorando mais acentuadamente desde a criação do real. O dado que sintetiza a melhora registrada nesse ano é a renda real do trabalhador, que cresceu 7,2% de 2005 para 2006, o maior aumento em 11 anos. A economia brasileira - graças ao que Alan Greenspan acaba de definir como o “boom” econômico mais extraordinário que já viu na história - vive um ciclo de crescimento que deve continuar produzindo, nos próximos anos, resultados muito bons - se não for interrompido por uma crise vinda de fora - que o governo continuará apresentando como frutos exclusivos de suas políticas. É inegável que alguns desses frutos, como o crescimento mais rápido da renda dos mais pobres, decorrem de decisões do governo do PT, entre as quais aumentos reais mais expressivos do salário mínimo nos últimos anos. Mas o que a série histórica dos dados da Pnad deixa evidente é que as melhoras não começaram em 2003, primeiro ano do mandato de Lula, mas bem antes. Veja-se, por exemplo, o caso da distribuição da renda medida pelo Índice de Gini. Esse índice varia de 1, que representa a concentração total de renda, a 0, que seria o índice registrado numa sociedade com distribuição igualitária da renda. Quanto mais próximo o índice de uma sociedade estiver de um ou de outro se dirá que ela tem renda mais ou menos concentrada. O Índice de Gini do Brasil não começou a cair no governo do PT. Houve um processo de piora da distribuição de renda, registrado pelo índice, que terminou em 1994, ano de lançamento do Plano Real. Nos três anos seguintes, o índice se manteve estável, mas desde 1998 vem caindo. Quanto ao rendimento real médio dos trabalhadores, cujo notável crescimento em 2006 foi bem destacado pela imprensa, deve-se observar que, a despeito desse aumento, seu valor, R$ 888, ainda está muito abaixo do recorde histórico registrado em 1986 (ano do Plano Cruzado), de R$ 1.055 (valor ajustado pela inflação), e inferior também aos R$ 975 de 1996. Um exame do gráfico publicado sábado pelo Estado mostra que a recuperação do rendimento dos trabalhadores em 2006, embora recorde, foi suficiente apenas para equipará-lo ao de 1999. Nesse mesmo gráfico, é evidente também o efeito das turbulências políticas sobre o desempenho da economia e, conseqüentemente, sobre o rendimento dos trabalhadores. Em termos porcentuais, a queda mais notável (de 7,7%) ocorreu entre 2002 e 2003. Foi o período em que os agentes econômicos, assustados com o crescimento das intenções de voto no candidato Lula e, em seguida, com sua eleição, se retraíram. Apesar do compromisso assumido por Lula na campanha - e rigorosamente cumprido -, de que asseguraria a estabilidade econômica, a recuperação da renda do trabalhador só começou no terceiro ano do governo do PT, em 2005, acentuando-se em 2006. Há outros avanços econômicos e sociais constatados pela Pnad que merecem ser destacados. O número de vagas abertas no mercado formal de trabalho, com carteira assinada, cresce mais depressa do que o das oferecidas no mercado informal, o que indica empregos melhores. As estatísticas do IBGE mostram também que, apesar da péssima qualidade do ensino público, melhora o nível de educação da população, ao mesmo tempo que cai o índice de analfabetismo - que, aliás, já poderia estar extinto. Um dado demográfico importante, pois mostra a consolidação de uma mudança nos padrões da evolução da população brasileira, é a queda da taxa de fecundidade, que em 2005 ficou em 2,1 filhos por mulher. Este é o índice que os demógrafos chamam de “reposição da população”, pois os filhos “substituem” pai e mãe nas estatísticas. Estima-se que, mantido o ritmo de redução da taxa de fecundidade, entre 2005 e 2040, a população brasileira começará a diminuir, como ocorre em alguns países desenvolvidos. Na essência, a Pnad mostra que o Brasil passa por um processo de transformações pelas quais já passaram outros países que há alguns anos tinham nível de desenvolvimento comparável ao nosso e hoje apresentam indicadores econômicos sociais muito melhores que os nossos. Aqui, o processo está atrasado e seu ritmo continua lento.
|
Entrevista:O Estado inteligente
- Índice atual:www.indicedeartigosetc.blogspot.com.br/
- INDICE ANTERIOR a Setembro 28, 2008
quarta-feira, setembro 19, 2007
Melhora contínua
Arquivo do blog
-
▼
2007
(5161)
-
▼
setembro
(429)
- Miriam Leitão Usos e costumes
- Merval Pereira - Bolsa 2.0
- DANUZA LEÃO A tal da carência
- João Ubaldo Ribeiro O golpe já começou (2)
- DANIEL PISA
- Alberto Tamer
- Mailson da Nóbrega
- A Petrobrás invadida Suely Caldas
- Celso Ming
- DORA KRAMER O Judiciário e a cooptação
- ELIANE CANTANHÊDE Um ano depois
- No caso de MG, empréstimos foram pagos; no esquema...
- Gaspari erra feio na conta e na cota
- VEJA Carta ao leitor
- VEJA : Alain Ducasse
- MILLÔR
- André Petry
- Radar
- Diogo Mainardi McCarthy estava certo
- Roberto Pompeu de Toledo
- Lula na ONU: um discurso com conteúdo
- Entidade ligada a Ideli Salvatti é investigada
- Renan manda e o PMDB derrota o governo
- Febraban divulga tabela de tarifas bancárias
- MST O avanço dos assentados nas universidades p...
- Irã O perigo de uma guerra preventiva
- Mianmar A revolta dos monges
- Che Guevara, quarenta anos de um mito
- Sputnik: cinqüenta anos de exploração espacial
- As piores escolas de direito
- O avanço das algas tóxicas
- As fraudes de um cientista holandês
- A reação positiva de um doente terminal
- Empresas limpam o nome de pessoas atacadas na rede
- O show de Marta no Mundial de futebol feminino
- Desonrada, de Mukhtar Mai
- Dois épicos editados em português
- O seriado The Tudors no canal People+Arts
- Um sopro de novidade para o jazz
- CLÓVIS ROSSI
- MELCHIADES FILHO O capital
- RUY CASTRO Lobbies que venceram
- Miriam Leitão A recuperação
- Merval Pereira - Emancipação
- FERNANDO GABEIRA
- Celso Ming
- DORA KRAMER Cada um por si
- Entrevista de Diego Mainardi a Diego Casagrande
- Clipping de 28 de stembro
- Clóvis Rossi - Uma questão de "consciência"
- Eliane Cantanhede - Güenta!
- Merval Pereira - Aparências
- Míriam Leitão - Parada estratégica
- Somos das elites, sim
- Clipping de 27 de setembro
- Míriam Leitão - Nos tempos do bagre
- Merval Pereira - Tragicomédi...
- Eliane Cantanhede - Peixes e abobrinhas
- Dora Kramer - Relações comerciais
- Clóvis Rossi - Walfrido, quero o meu
- A culpa é de quem?-Gilberto de Mello Kujawski
- Governo federal piora nas contas fiscais
- Clipping de 26 de setembro
- Merval Pereira - A máquina petista
- Míriam Leitão - Lavoura arcaica
- Dora Kramer - Aonde vão os valentes?
- Celso Ming - A crise mudou de lado
- Clóvis Rossi - A banalização do absurdo
- Lula na ONU Ambiciosamente irrelevante
- Clipping de 25 de setembro
- Merval Pereira - Expectativa de poder
- Míriam Leitão - Moeda de troca
- Luiz Garcia - Crianças nas calçadas
- Clovis Rossi- As estatísticas e a vida real
- Eliane Cantanhede - Zuanazzi, duro na queda
- Celso Ming - Mergulho global
- Dora Kramer - No cravo e na ferradura
- Arnaldo Jabor - O futuro pode ser melhor do que pe...
- Jânio de Freitas - O acusador
- Rubens Barbosa, O MERCOSUL E A VENEZUELA
- Um terrorista nos EUA por Reinaldo Azevedo
- Serra sai em defesa de Aécio
- Clipping de 24 de setembro
- RUY CASTRO Outra cidade limpa
- Memória mutilada por Antonio Sepulveda
- A PRESSA É INIMIGA DA DEMOCRACIA
- Entrevista de ao Lula NYTIMES
- AUGUSTO NUNES SETE DIAS
- Miriam Leitão Crianças e velhos
- Merval Pereira - Oligarquias e poder
- FERREIRA GULLAR
- DANUZA LEÃO
- ELIANE CANTANHÊDE
- João Ubaldo Ribeiro
- DANIEL PISA
- Alberto Tamer Petróleo a US$ 80 estraga a festa
- Mailson da Nóbrega Quem estabilizou a economia
- Lula segue os passos de FHC
- Celso Ming
- DORA KRAMER Dando sorte ao azar
-
▼
setembro
(429)
- Blog do Lampreia
- Caio Blinder
- Adriano Pires
- Democracia Politica e novo reformismo
- Blog do VILLA
- Augusto Nunes
- Reinaldo Azevedo
- Conteudo Livre
- Indice anterior a 4 dezembro de 2005
- Google News
- INDICE ATUALIZADO
- INDICE ATE4 DEZEMBRO 2005
- Blog Noblat
- e-agora
- CLIPPING DE NOTICIAS
- truthout
- BLOG JOSIAS DE SOUZA