Ataques cibernéticos da China dão idéia de como
os conflitos serão travados daqui em diante
Rafael Corrêa
VEJA TAMBÉM
|
O Pentágono, em Washington, onde funciona o Departamento de Defesa americano, é um dos prédios mais bem guardados do mundo, inclusive contra ataques cibernéticos. Apesar disso, o serviço de inteligência do órgão não é capaz de evitar invasões a seus computadores. A mais recente delas veio a público há três meses, quando um programa malicioso – conhecido como cavalo-de-tróia – foi detectado no sistema de e-mails do gabinete do secretário de Defesa, Robert Gates. Na semana passada, revelou-se que o ataque partiu não de simples hackers em busca de aventura, mas de centros militares da China. O comando militar americano recebeu a notícia com apreensão. Em maio, foram descobertos cavalos-de-tróia nos computadores da chanceler alemã Angela Merkel e de seus ministros. Militares alemães suspeitam que os ataques vieram da China. Nos últimos meses, o serviço de inteligência da Inglaterra repetidas vezes encontrou programas maliciosos nos computadores do governo. Origem dos ataques: China.
Para os militares e especialistas em segurança dos três países vítimas de programas maliciosos, a invasão do Pentágono é mais uma prova de que o Exército chinês adotou os ataques a redes de computadores de governos como uma estratégia militar. Em caso de guerra, ataques cibernéticos seriam empreendidos, por exemplo, para interromper as comunicações do inimigo e cortar o fornecimento de energia elétrica em grandes áreas. Segundo o Pentágono, num eventual conflito com os Estados Unidos, táticas como essas, destinadas a tumultuar as ações do inimigo, compensariam em grande parte a inferioridade bélica chinesa frente ao poderio americano. O governo chinês tem adotado uma postura dúbia diante das suspeitas de que seu Exército vem espionando computadores em outros países. Ao governo alemão, as autoridades chinesas prometeram tomar providências para evitar novos ataques. Na semana passada, os chineses negaram o envolvimento na invasão dos computadores do Pentágono e afirmaram que as acusações americanas eram fruto de "mentalidade da Guerra Fria".
Os chineses negam as invasões cibernéticas, mas não escondem que, como muitos outros países, mantêm programas que visam ao uso de computadores em ações militares. O alcance de uma eventual guerra informatizada ficou evidente no começo deste ano quando a Estônia foi alvo de um ataque em massa feito por hackers russos, em retaliação à retirada de um monumento público do tempo em que o país fazia parte da União Soviética. Sites do governo e de bancos saíram do ar, ninguém conseguia ler e-mails e o país ficou paralisado. Recentemente, o general James Cartwright, do alto-comando militar americano, avaliou que uma invasão cibernética em larga escala aos Estados Unidos não chegaria a causar uma catástrofe, mas teria um enorme impacto na população. "Do ponto de vista psicológico, seria como um ataque com armas de verdade", disse ele.