Entrevista:O Estado inteligente

terça-feira, setembro 11, 2007

Eliane Cantanhede - A sina de Alagoas





11/9/2007

Ao sentar amanhã no banco dos réus, Renan Calheiros estará escrevendo mais um triste capítulo na história de Alagoas, Estado lindo, com povo acolhedor e políticos fortes, mas afundado em escândalos de roubos e de mortes, enquanto disputa recordes de miséria com Maranhão e Piauí.
Alagoas deu ao Brasil o primeiro e o segundo presidente da República, Deodoro da Fonseca e Floriano Peixoto, o primeiro eleito depois da ditadura militar, Fernando Collor de Mello, e a primeira candidata mulher ao cargo, Heloísa Helena. Na legislatura passada, tinha os presidentes da Câmara, Aldo Rebelo, e do Senado, o próprio Renan.
Como pode um Estado ter tanto espaço na política nacional e tanta miséria na política local? Como puderam Deodoro, Floriano, Collor, Heloísa, Aldo e Renan sair da obscura Alagoas e ganhar tanto lugar ao sol? Como podem alguns manchar esse mérito? E como podem todos conquistar brilho próprio e deixar Alagoas no escuro?
Deodoro proclamou a República, foi eleito indiretamente e acabou renunciando, sob forte crise. Floriano articulou contra o conterrâneo e antecessor. Collor ainda está fresco na nossa memória -aliás, está aí, senador licenciado. Heloísa perdeu a eleição presidencial, não a liderança no PSOL. Aldo mantém a biografia intocável, mas já teve bem mais poder. E Renan?
A pobreza da infância, o jeito "hippie" da adolescência e os sonhos do ex-militante do PC do B evaporaram com o sucesso na política e nos negócios. A guerra entre a imagem e a opinião pública ele já perdeu, há muito, sem volta. Mas a guerra de amanhã é outra, com armas mais afiadas: a política, a lábia, os interesses -e o voto secreto.
Enquanto isso, o governador Teotonio Vilela Filho continua insistindo no impossível: dar ordem ao caos.
Ou, como se diz no Nordeste, "dando murro em ponta de faca". Pobre Alagoas, pobres alagoanos.

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