Entrevista:O Estado inteligente

quinta-feira, setembro 20, 2007

Eliane Cantanhede - Chatos de galocha




Folha de S. Paulo
20/9/2007

Hugo Chávez tem uma lista completa dos telefones diretos e até dos celulares dos principais homens do Planalto e dos ministérios. Vira e mexe, liga para eles.
Até para o general Jorge Félix, chefe do Gabinete de Segurança Institucional, que, cá para nós, é gente boa, mas não apita nada. O coronel Chávez deve ter-se impressionado com a patente.
Em geral, Chávez manda recados para Lula, já que, quando liga direto para o gabinete presidencial, Lula manda dizer que não pode atender, está ocupadíssimo, de reunião em reunião. Na verdade, não tem mais paciência para os arroubos e ameaças (aliás, nunca cumpridas) do venezuelano. Os dois têm se falado pouco, cada vez menos.
Mas Chávez é o cabeça de um trio da pesada, junto com Evo Morales, que agora questiona até hidrelétricas a serem construídas em solo brasileiro e dentro das leis brasileiras, e com Rafael Corrêa, que parecia um passo adiante dos dois, mas está indo no mesmo ritmo.
Depois de embalar os delírios chavistas, o governo não sabe mais o que fazer com o companheiro e para controlar a "contaminação" da Bolívia e do Equador. O novo embaixador em Caracas, Antônio Simões, instalou o novo Departamento de Energia do Itamaraty e é braço-direito do chanceler Celso Amorim. Uma escolha a dedo.
Lula pediu para "atualizar a conversa" com Chávez e Corrêa, hoje, em Manaus. Vai autorizar o uso de território brasileiro para Chávez mediar conversas do governo da Colômbia com as Farc (grupo guerrilheiro) e discutir um sistema comum para a TV Digital. Um lance econômico e também político.
Lula faz escala em Manaus a caminho dos EUA, onde vai abrir a Assembléia Geral da ONU e ter encontros, provavelmente, bem mais interessantes do ponto de vista pessoal. Entre Chávez e Bush, Lula tem deixado claro que prefere o "meu amigo Bush".

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