Entrevista:O Estado inteligente

domingo, setembro 02, 2007

CLÓVIS ROSSI

As meninas super-poderosas

SÃO PAULO - A revista "Forbes" escolheu a chanceler alemã Angela Merkel como a mulher mais poderosa do mundo. Errou.
Qualquer gestora de fundos de investimento (deve haver algumas, embora seja um universo essencialmente masculino) é mais poderosa. Muito mais.
Não é difícil demonstrar a afirmação acima. Na mais recente cúpula do G8 (junho, na Alemanha), Merkel insistiu em obter de seus pares (supostamente os homens mais poderosos do mundo) um código de conduta e mais transparência para os fundos especulativos. Perdeu. E perdeu porque os governos, por poderosos que pareçam, não conseguem (ou não querem) enfrentar os mercados.
Note-se que o ministro alemão de Finanças, Peer Steinbrueck, era premonitório na época, ao dizer que os fundos especulativos representam "um risco sistêmico". Por quê? Simples: "Alguns deles estão alavancados cinco, seis ou até sete vezes, o que significa que os credores podem ser seriamente prejudicados se um desses fundos se tornar insolvente", explicava o ministro Steinbrueck.
Não é mais ou menos o que se viu dois meses depois? Risco tão sistêmico que o pânico só foi contido porque bancos centrais (dos Estados Unidos, da Europa e do Japão) jogaram para os bancos recursos que, somados, superam o tamanho da economia de todos os países sul-americanos, excetuado o maior deles, o Brasil.
Na mesma época, John Monks, secretário-geral da Federação Européia de Sindicatos, dizia que os "hedge funds" e as "private equities" estão "entre os mais selvagens animais da floresta" e criticava o que chamou de "capitalismo de cassino".
Pois é, se a "Forbes" escolhesse um desses "animais" (do sexo feminino, lógico) como a mulher mais poderosa do planeta estaria bem mais perto da realidade.

crossi@uol.com.br

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