Entrevista:O Estado inteligente

terça-feira, setembro 11, 2007

Clóvis Rossi - A boa vida em Liliput



Folha de S. Paulo
11/9/2007

Para quem vive em São Paulo, com seu crescente gigantismo, para quem se habituou a coberturas de pomposas viagens presidenciais (fiz a primeira há 31 anos, ainda no governo do general Ernesto Geisel), chega a ser um piquenique no bosque acompanhar a visita de Lula à Finlândia.
Tudo é liliputiano, no bom sentido da palavra, o de "small is beautiful". A cidade é pequena, o número de envolvidos nas cerimônias é pequeno, até o público externo é microscópico. Quando Lula se apresentou no palácio presidencial de Helsinque, em frente ao porto, havia só seis pessoas atrás da bandeira verde-e-amarela.
A diáspora brasileira tem feito com que, em viagens presidenciais a terras menos distantes, o público seja bem maior, assim como o número de bandeiras.
O palácio presidencial é modestíssimo, a casa do primeiro-ministro é de madeira. Bonita e agradabilíssima, à beira de um braço do Báltico, mas nada, rigorosamente nada que lembre o Eliseu ou sequer a Casa Rosada, em Buenos Aires, ou Miraflores, em Caracas.
O primeiro-ministro brinca com os jornalistas (locais) com o que parece ser a única grande notícia do dia: está inaugurando óculos novos. O edifício do Parlamento parece uma choupana se comparadas suas dimensões às do Parlamento Europeu, em Estrasburgo.
O que é quase inacreditável, considerada a distância, é a paixão pelo Brasil. Vinte mil turistas finlandeses visitam, anualmente, as praias do Nordeste. No Carnaval, seis escolas de samba desfilam pela cidade. "Ouvir ritmo de samba cantado em finlandês é de enlouquecer", diz Sérgio Pereira, oficial de chancelaria com quatro anos de experiência em Helsinque, prestes a voltar ao Brasil.
Ah, o Carnaval é no dia 12 de junho, aniversário da cidade, porque desfilar em fevereiro, no inverno polar, não há paixão que consiga.

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