Um quase enigma em Elio Gaspari na Folha deste domingo: “Pelo menos dois ministros do STF desconfiam que é melhor liberar as investigações que associam ‘altos companheiros” ao enredo que terminou no assassínio do prefeito de Celso Daniel, de Santo André”. Na mesma Folha, na pagina A-12, informa-se que uma testemunha, moradora da rua em que Daniel foi seqüestrado, muda o depoimento e diz ter visto Sérgio Sombra fora do carro, de arma nas mãos e numa convivência pacífica com os bandidos. Para quem já perdeu a conta, segue a lista dos mortos:
1) Celso Daniel: prefeito. Assassinado
2) Antonio Palacio de Oliveira: garçom. Assassinado
3) Paulo Henrique Brito: testemunha da morte do garçom. Assassinado
4) Iran Moraes Rédia: reconheceu o corpo de Daniel. Assassinado
5) Dionizio Severo: suposto elo entre quadrilha e Sombra. Assassinado
6) Sérgio Orelha: Amigo de Severo. Assassinado
7) Otávio Mercier: investigador que ligou para Severo. Assassinado
8) Carlos Delmonte Printes: Legista. Tomou alguns remédios...
Ah, sim, "Bozinho", acusado de ser o assassino de Daniel, fugiu da penitenciária de Franco da Rocha.
FOLHA - ELIO GASPARI
Sinal amarelo
Pelo menos dois ministros de STF desconfiam que é melhor liberar as investigações que associam "altos companheiros" ao enredo que terminou no assassínio do prefeito Celso Daniel, de Santo André.
CASO CELSO DANIEL
Testemunha muda versão e faz acusação a ex-segurança
Moradora que viu seqüestro diz que Gomes da Silva estava fora do carro e segurava arma
Mulher afirma, 4 anos após assassinato do prefeito de Santo André, que Silva não "parecia ser vítima" em abordagem de bandidos
LILIAN CHRISTOFOLETTI
DA REPORTAGEM LOCAL
Quatro anos após o assassinato do prefeito de Santo André, Celso Daniel (PT), a Promotoria Criminal apresentou nesta semana à Justiça um novo depoimento de uma moradora que diz ter acompanhado, pela janela de casa, o seqüestro do petista. R.P.C., 53, disse que, por volta das 23h do dia 18 de janeiro de 2002, viu o ex-segurança de Daniel, o empresário Sérgio Gomes da Silva, ao lado dos criminosos, falando ao celular e segurando um revólver.
A funcionária pública morava em frente ao local em que Daniel foi seqüestrado, na rua Antonio Bezerra, conhecida como Três Tombos (na zona sul de SP). "Ele [Gomes da Silva] não parecia ser vítima", disse R., que quer nome sob sigilo.
O depoimento, prestado no dia 11 aos promotores criminais de Santo André, é controverso.
Há quatro anos, ao ser ouvida pela polícia, ela narrou a mesma dinâmica do crime, mas não citou em Gomes da Silva. Disse que não foi perguntada sobre a conduta do empresário e que, no mesmo dia do depoimento, ele também estava na delegacia, o que a teria intimidado.
À Promotoria R. afirmou que, ao ver Gomes da Silva naquele dia, não teve dúvidas de que era o homem que estava com os criminosos.
R. criticou a reconstituição do crime feita pela Polícia Civil em 23 de janeiro de 2002 -o corpo de Daniel foi encontrado dois dias depois do seqüestro.
"A posição do carro de Sérgio era equivocada e sua conduta, bem outra. Sérgio não permaneceu no interior do carro. Tenho certeza de que estava do lado de fora do veículo com a arma de fogo e o celular nas mãos", afirmou R., que acompanhou a reconstituição.
Segundo ela, Gomes da Silva andava de um lado ao outro, falando ao celular e segurava uma arma. Outros homens estavam em volta de um jipe preto. Um deles se debruçava na janela do passageiro, o que a fez pensar que havia alguém no carro.
A cena descrita por R. diverge da versão do ex-segurança. Ele disse que permaneceu no carro com Daniel, segurando o braço do petista para evitar que ele fosse levado. Só teria deixado o jipe após Daniel ter sido levado, quando teria pegado a arma e saído do jipe com o celular, para chamar a polícia. A funcionária afirmou que não viu quando Daniel foi tirado do carro.